As mulheres têm denunciado sistematicamente situações de discriminação nos processos decisórios e no acesso à reparação. Muitas não tiveram sequer seus ofícios reconhecidos como trabalho. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), desde o início dos processos de levantamento de vítimas, apenas 39% das mulheres atingidas foram ouvidas nos cadastros e puderam contar suas histórias e relatar seus danos.
Além da evidente responsabilidade da empresa, nós, da Justiça Global, compreendemos que o Estado brasileiro é igualmente responsável pelas violações de direitos. Há anos atuamos para visibilizar os abusos e violências cometidas pela Vale, que deixa seu rastro de destruição por todo mundo. No ano passado, em parceria com o Centro de Direitos Humanos e Empresas (HOMA – UFJF), a FIAN Brasil, o Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (GEPSA), o Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragens (MAB) e o Núcleo de Direitos Humanos da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a Justiça Global apresentou à CIDH o caso do rompimento da Barragem do Fundão.
Ficaram eternizadas na memória coletiva as imagens da barragem se rompendo e o estrago feito na região da bacia do rio Doce ao litoral do Espírito Santo. Quem nunca esquecerá o que ocorreu naquele dia e nos que se sucederam foi quem teve sua casa sendo engolida pelas ondas de lama, sua gente desaparecendo em meio aquele mar de negligência.
A Justiça Global se solidariza com as vítimas e reforça a sua atuação diante dos desdobramentos da tragédia. Somos contrários que a Sarmaco volte a operar regularmente em Mariana. No último trimestre de 2019, o Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental) concedeu uma das licenças para que a mineradora retome suas atividades.
Diante da morosidade no julgamento dos fatos, durante esses 60 meses, dos negligenciamentos do Estado e a falta de responsabilização das empresas, exigimos a real reparação das vítimas, do meio ambiente e a celeridade nos processos indenizatórios das pessoas afetadas por uma das maiores tragédias socioambientais que os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo já viveram.
#JustiçaParaMariana