06/11/2013
Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental
A 5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena, marcada há mais de um ano para o período de 26 a 30 de novembro, ou seja, daqui a 20 dias, vai ser adiada para 2 a 6 de dezembro. A justificativa é que não foi possível conseguir hotel para hospedar os participantes indígenas. Com certeza, mais de 12 meses é um prazo por demais curto para isso, considerando-se não só a parca oferta de hotéis em Brasília como os requintes que com certeza a Sesai considera importantes para recepcionar seus convidados.
A notícia deve ser divulgada a qualquer momento, pelos diversos meios de divulgação da Conferência. Que eu conheça, ela dispõe de um blog (5ª CSNI), de espaço no Portão do Saúde (do Ministério) e, ainda, de uma página específica no face-book (5ª Conferência Nacional de Saúde Indígena). De todos, o mais rápido sem dúvida deveria ser o face-book. No entanto, a página em questão tem coisas muito mais importantes para noticiar: postada exatamente há uma hora, lá está um “Bom dia!”, seguido do link para “conferir a agenda do secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, para esta quarta-feira, 6 de novembro”.
Nenhuma menção à Conferência, mas, se formos adiante, seremos conduzid@s ao Portal e informados de que o Secretário Especial da Saúde Indígena, Antônio Alves, terá de fato um dia extremamente atarefado: às 9 horas (coisa que já deve acontecido, pois), ele e sua Equipe Técnica abrirão os envelopes com as propostas das entidades que concorrerão à licitação para cuidar da saúde dos indígenas, que aliás é a atividade fim da Sesai. Quanto tempo a análise das propostas levará é impossível saber, mas o outro compromisso do Secretário nesta quarta será às 18:30h: a 251ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde.
Quem sabe em algum momento entre a abertura dos envelopes (com seu provavelmente surpreendente conteúdo em termos de instituições proponentes) e esse final da tarde, haverá um momento em que será possível divulgar a notícia do adiamento. E mais: talvez, até, se preocupar um pouquinho com o fato de que os povos indígenas, embora disponham de aviões particulares e helicópteros para seus deslocamentos, costumam ter agenda bastante repletas de compromissos outros, como fugir de ameaças e de balas de jagunços, por exemplo, o que talvez prejudique de alguma forma sua capacidade de estarem presentes a uma conferência que vem sendo preparada – repito – há mais de um ano!
Agora: para falar a verdade, quanto menos vierem, melhor! Todos sabemos que indígenas além de tudo vêm se mostrando uns grandes encrenqueiros. Foi-se o tempo em que se deixavam presentear, convencer e catequizar com facilidade razoável. E seus aliados não são muito melhores que eles. Alguns, até, chegam a ajudá-los a denunciar convênios estranhos, gravações esquisitas, postos de saúde em abandono, remédios que não chegam, índices de mortalidade de todo indesejáveis. Possivelmente haverá até que questione como, “com um orçamento de quase R$ 1 bilhão por ano, eles não conseguem executar as questões mais básicas, como realizar uma conferência que já estava marcada há mais de um ano!”.
Como é duro trabalhar para o Governo Federal quando se tem que lidar com esse tipo de gentes!