Riqueza marajoara da Amazônia chega ao Museu Goeldi – Belém/PA

28/01/2011

O Museu Emílio Goeldi recebeu doação de peças arqueológicas salvas na propriedade do saudoso escritor amazônida Leandro Tocantins, parente distante do fundador dessa instituição de pesquisa – Domingos Soares Ferreira Penna – na Ilha do Marajó. São duas urnas marajoaras com altura de cerca de 1 metro cada, um artefato em madeira semelhante a uma lança, além de 20 fragmentos de cerâmica que ainda serão analisados pela equipe do Goeldi.

Sobrinho bisneto de Ferreira Penna, Leandro Tocantins recebeu a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para doar as pecas ao acervo do Museu Goeldi, que se responsabilizou pelo transporte do material. As peças já estão na reserva técnica da instituição para limpeza, tratamento e catalogação.

Trata-se de um acréscimo de grande valor para a coleção arqueológica do Goeldi, na opinião do arqueólogo Fernando Marques. Isso é particularmente verdadeiro tendo o estado de conservação das peças e seu valor para a cultura e a ciência nacionais. “Além disso, tem o laço emocional pelo vinculo com o fundador da instituição”, destaca o arqueólogo.

A também arqueóloga do Museu Goeldi, Vera Guapindaia, concorda com o colega e acrescenta que a importância da doação também está no incentivo à preservação desses materiais e nos raros ou inexistentes estudos realizados na área onde as peças foram encontradas. A arqueóloga fala ainda que os materiais “são urnas funerárias de um status elevado dos marajoaras, no entanto as urnas estavam vazias quando encontradas”.

 

A viagem

As urnas e o artefato de madeira estão em ótimo estado de conservação, sendo inclusive visíveis nas urnas os desenhos gravados pelos marajoaras. O trabalho de acondicionamento e transporte das peças foi de responsabilidade da equipe da Reserva Técnica de Arqueologia do Museu Goeldi, que tratou de elaborar a embalagem para itens tão frágeis e de dimensões consideráveis.

Segundo o restaurador da instituição, Raimundo Teodoro, a maior peça pesa cerca de 70 kg e foi transportada do Marajó a Belém por uma equipe qualificada de técnicos do Museu Goeldi. “Foram percorridos cerca de 72 km em 12 horas devido às difíceis condições da estrada, mas nós já somos acostumados a fazer esse tipo de transporte de peças e ocorreu tudo dentro do previsto”, diz o restaurador.

O cuidado é extremo e de grande responsabilidade. A missão foi coordenada por Raimundo, mas também participaram do traslado das peças o técnico de conservação Fábio Jacob, o motorista Stélio Chaves, os colaboradores Ivan e Anselmo Chaves, além de um guia designado pelo doador das peças. “Assim, nós vimos que o trabalho em equipe funciona e que cada um foi muito importante nesse transporte, já que a viagem foi bastante longa e difícil”, lembra Fábio Jacob.

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