Em julho de 2015, o acampamento do MST na fazenda Casa Branca, em Tumiritinga, sofreu vários ataques com tratores blindados e avião pelo suposto proprietário Genil Mata da Cruz, que na época era prefeito de Central de Minas pelo PP. Nesse ataque o avião caiu causando a morte do mesmo e de mais um tripulante. “Após o acidente, a família de Genil fez várias ameaças às lideranças locais, entre elas Gouveia”, acrescenta.
Recentemente outro conflito se deu na fazenda Pedra Corrida, supostamente propriedade da CENIBRA, uma área com mais de 10.000 hectares com forte suspeita de grilagem, segundo o MST. “Atualmente mais de 600 famílias estão ocupando tal fazenda, no município de Periquito”.
O movimento disse que Minas Gerais tem um extenso histórico de conflitos agrários. “Em 2004, no Vale do Jequitinhonha, cinco trabalhadores foram brutalmente assassinados pelo fazendeiro Adriano Chafick Luedy, réu confesso e condenado a mais de cem anos de prisão. Este, no entanto, continua em liberdade por decisão da justiça brasileira”, diz.
No dia 9 de abril desse ano, no município de Capitão Enéas, Norte de Minas, jagunços e o grileiro Leonardo Andrade fizeram uma emboscada contra as famílias acampadas na fazenda Norte América, ferindo a bala três pessoas.
“Atualmente existem quarenta e sete acampamentos com aproximadamente sete mil famílias acampadas do MST, em nove regiões do estado. A solução destes conflitos só será possível com medidas concretas do Estado: assentar nossas famílias e punir os responsáveis por estas atrocidades. A impunidade é uma das principais causas destes crimes, por isso exigimos a imediata apuração e prisão dos criminosos”, afirma. “O clima em Minas Gerais é de muita tensão”
Mortes em MT
A denúncia do MST-MG vem quatro dias após o assassinato em um assentamento Taquaruçu do Norte, em Colniza (MT), ganhar repercussão nacional. Homens encapuzados invadiram o local, que tinha cerca de cem famílias, e entraram nos barracos atirando. Os criminosos também usaram facões no crime – uma das vítimas foi encontrada com um facão cravado no pescoço.
Em nota, o MST nacional afirmou que a chacina não é um fato isolado. “Os dados têm mostrado a região onde o município se localiza como um dos mais violentos do Estado de Mato Grosso, que é um dos estados mais violento do Brasil. Como já demonstra o Cadernos de Conflito no Campo, lançado pela CPT no dia 17 de abril de 2017”, complementou.
De acordo com o texto, “essa onda de violência integra um avanço do modelo capitalista sobre os direitos dos trabalhadores sobre a apropriação dos recursos naturais, terra, minerais, água e etc. Avanço este potencializado pelo golpe que o Brasil esta vivendo, e por projetos de lei como a PEC 215 que dispõem sobre terras indígenas e quilombolas, a MP759 que dispõem sobre a reforma agrária e a PL 4059 sobre a compra de terras por estrangeiros, além de outra gama de projetos de lei e medidas provisória que não são criados no sentido de resolver os problemas do campo, mas de aumentar a concentração fundiária”.
“Não podemos nos calar diante de tão grande dor, que nossa indignação alcance os responsáveis diretos e indiretos por este massacre, e que este não seja mais um caso de impunidade e que o estado não seja novamente conivente com os assassinos”.