Pinhões

23/03/2010

 

PINHÕES
 
LOCALIZAÇÃO
A comunidade quilombola de Pinhões localiza-se na área rural do município de Santa Luzia, região Metropolitana Belo Horizonte. A comunidade dista aproximadamente 15 km quilômetros do centro de Santa Luzia.
 
INFRA-ESTRUTURA E AMBIENTE
Segundo os moradores do distrito, há aproximadamente 380 famílias no local. As casas estão distribuídas no entorno da igreja de Nossa Senhora do Rosário e da rua principal, que liga o centro até a rodovia que leva à cidade de Jaboticatubas. O acesso é fácil, pois a estrada é toda asfaltada e há transporte público para a sede do município e para Belo Horizonte.
A vegetação no entorno das moradias está bastante alterada pelas ações antrópicas ligadas à pequena agricultura e à criação de gado leiteiro. Mas ainda há manchas de cerrado e uma grande incidência de macaúba, espécie de palmeira típica da região. O nome “Pinhões” foi colocado pelos antigos moradores, em decorrência da abundância de uma árvore que produz um fruto chamado pinhão.
O rio das Velhas, um dos principais afluentes do rio São Francisco, passa pela comunidade. Segundo os moradores mais antigos, o rio ficou muito poluído depois da instalação de indústrias próximas, por isso não podem mais usar a água para consumo. As atividades de pesca e lúdicas, como nadar e brincar no rio, também estão comprometidas.
A maioria das construções é de alvenaria, não há coleta de esgoto e nem rede geral de distribuição da água. A prefeitura do município recolhe o lixo produzido na comunidade. Há posto de saúde, agente de saúde e atendimento diário de um médico. Mas, segundo os moradores, faltam atendimento odontológico e médicos especializados em outras áreas, principalmente ginecologia. O hospital mais próximo fica em Santa Luzia. As principais enfermidades relatadas pelos moradores da comunidade são as verminoses, o diabetes e a hipertensão.
No quilombo de Pinhões há uma escola que atende até a 8a série
do ensino fundamental.
 
HISTÓRIA
Santa Luzia surgiu no século XVIII, no início da ocupação colonial em Minas Gerais. Por volta de 1700 já havia registro da existência da povoação. Embora também tenha havido atividades de mineração, o local cedo se firmou como centro de indústrias rudimentares e como entreposto comercial, postado entre Sabará e o Distrito Diamantino.
Segundo as moradoras Maria Geralda e Aparecida dos Santos, os primeiros moradores vieram do convento das Macaúbas, a aproximadamente 2 km, quando findada a escravidão.
O Convento de Macaúbas, construído por Félix da Costa a partir de 1714, foi terminado após dois séculos. A ermida, que funcionaria como um recolhimento, é hoje denominada Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, onde vivem 20 freiras. Em 1847, foi o primeiro colégio para meninas de Minas Gerais.
Segundo essas moradoras, outro grupo de negros, ex-escravos do convento, foi para um lugarejo próximo, denominado Barreiro.
O antigo território de Pinhões ficava entre os limites da Fazenda de Bicas e do convento de Macaúbas.
ECONOMIA LOCAL
As atividades econômicas dos moradores de Pinhões giram em torno da agricultura, criação de animais e trabalhos fora do quilombo, nas cidades de Santa Luzia e Belo Horizonte. A comunidade é produtora de leite e doce de leite. As mulheres fabricam o doce para vende-lo nas cidades próximas.
Algumas pessoas produzem panela de barro, apanhado nas cercanias do quilombo, para comercializar nas proximidades.
Há moradores que se ocupam em trabalhos nas fazendas e sítios do entorno e outros em fábricas e no comércio da região. Muitas mulheres trabalham como diaristas nas cidades próximas.
Há na comunidade grande preocupação com os jovens. Hoje não há uma perspectiva de geração de renda que seja socialmente sustentável no quilombo de Pinhões.
 
CULTURA
A prática da benzeção é muito comum entre os moradores, mas a atividade das parteiras cessou pela modernidade e pelo acesso ao atendimento médico.
Nossa Senhora do Rosário é a padroeira de Pinhões. Segundo os moradores, a ermida erguida em sua devoção começou a ser construída em 1888, e a primeira missa foi rezada em 1903.
Além da igreja católica, há ainda outras três igrejas neo-pentecostais e um grupo espírita. Conforme afirmaram os entrevistados, 90% dos moradores são católicos.
Um dos grandes patrimônios de Pinhões é a sua guarda de catopés de Nossa Senhora do Rosário, fundada por Emílio e Jovino, dezenas de anos atrás. A guarda conta com mais de 100 integrantes e, em outubro, promove a festa de Nossa Senhora do Rosário, momento em que a comunidade recebe grande número de visitantes.
Há também na comunidade um grupo de coral, formado por jovens e crianças, denominado Cantata Domino. A Associação de moradores está em fase de formação.
Fonte: CEDEFES
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