LUÍZES
LOCALIZAÇÃO
A comunidade dos Luízes é um quilombo urbano e situa-se no bairro Grajaú, região sudoeste do município de Belo Horizonte.
HISTÓRIA
Existem relatos do quilombo dos Luízes desde em 1895, quando seu território se situava no município de Nova Lima. Em 1930, a área do quilombo, de 13 alqueires, foi vendida para a mineração Morro Velho. Com o dinheiro, Nicolau Nunes Moreira e Ana Apolinária, matriarca da família, compraram uma gleba de terra da Fazenda Calafate em Belo Horizonte e montaram um mocambo, onde os nove filhos foram criados. Na verdade, esse local ainda é um mocambo, explica a bisneta do casal, Maria Luzia Sidônio, presidente da Associação dos Luízes.
A comunidade dos Luízes é certificada como quilombola pela Fundação Cultural Palmares. Grande parte do seu terreno, no entanto, encontra-se ocupado e seus moradores sofrem forte pressão devido aos inúmeros projetos imobiliários que vêm se instalando na região nas últimas décadas e às constantes invasões de estranhos em sua área. A manutenção de seu território é uma das grandes lutas dos Luízes.
CONFLITO
Os Luízes são vítimas da expansão imobiliária que cercou as famílias quilombolas dentro da cidade de Belo Horizonte nas últimas décadas.
A comunidade originariamente tinha 18 mil m², com mais de 2 mil pessoas morando em 37 lotes. Com as invasões e construções no entorno das moradias, o terreno diminuiu para 6 mil metros quadrados onde vivem, hoje, cerca de 150 pessoas. Alguns parentes tiveram de se mudar para outros bairros, como Ribeiro de Abreu, Morro das Pedras, Olhos D’água e Acaba Mundo.
Segundo relato de moradores, as danças afro que ocorriam aos sábados quase não ocorrem mais, devido as reclamações da vizinhança incomodada com barulho dos batuques. Outro problema foi a perda do centro cultural local que se transformou na atualidade em um prédio residencial.
Com o intuito de reivindicarem seu território histórico, em 2007, doze famílias dos Luízes ocuparam um prédio abandonado, que foi erguido em sua área. Essa ocupação é a forma que encontraram para reivindicarem seus direitos à titulação do terreno pelo poder público.
Essa titulação é cada vez mais necessária com o recrudescimento das pressões de empresas imobiliárias.
CULTURA
Nos Luízes ocorre todos os anos a festa de Nossa Senhora de Santana, em 26 de julho, que é aberta ao público. Nela tem-se o congado e a celebração da missa conga que conta com tradicionais cânticos africanos como “Negro sofria. Negro Chorava. Negro Rezava. Lá na Senzala. Ô ô meu senhor ô ô.” Além das danças e da música, nas festas sempre há muita fartura de comidas características: feijão tropeiro, canjica, arroz doce, pipoca e frutas.
Segundo a moradora Luzia, apenas uma pessoa dos Luízes ainda fala o dialeto de origem africana, mas ela já está doente e não mora mais no quilombo. Essa perda das raízes culturais é uma das maiores preocupações da comunidade.
Fonte: CEDEFES