Arturos

12/03/2010

 

ARTUROS
 
LOCALIZAÇÃO
A comunidade quilombola dos Arturos está localizada no bairro Jardim Vera Cruz, em Contagem, na região Metropolitana Belo Horizonte.
 
INFRA-ESTRUTURA
A comunidade dos Arturos é formada por 45 famílias, totalizando aproximadamente 450 pessoas, que vivem em propriedade coletiva.
A comunidade é representada juridicamente pela Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Contagem, fundada em 1972.
 
ECONOMIA
Os moradores trabalham em Contagem e em Belo Horizonte. Muitos são funcionários das indústrias existentes no entorno da comunidade.
 
CULTURA
Os Arturos compõem um grupo familiar que reside em propriedade coletiva no município de Contagem. Possuem um grupo folclórico-cultural que se preocupa em divulgar as tradições herdadas dos ancestrais por meio da música e dança religiosas de origem africana.
A comunidade vem realizando diversas festas, há mais de 100 anos, com sua cultura expressiva e forte religiosidade.
A primeira festividade é a folia-de-reis, no dia 6 de janeiro. A festa da abolição, realizada desde 1972, no dia 13 de maio, é outra das manifestações culturais da comunidade. Em outubro, acontecem as festas do congado, em homenagem a Nossa Senhora do Rosário e, em dezembro, a do João do Mato.
Há também o candombe e o batuque nas festas de casamentos, aniversários e batizados, além do grupo de percussão e dança afro Arturos Filhos de Zambi, formado por jovens da comunidade.
Quem decide tudo dentro da comunidade são os mais velhos. Assim manda a tradição. O respeito aos idosos é um valor fundamental na cultura do grupo.
Toda festa é um momento sagrado. Além da devoção a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e outros santos pretos, é também uma oportunidade de mostrar a força, a herança e a riqueza da cultura para os moradores de Contagem.
 
HISTÓRIA
Os moradores são descendentes de Artur Camilo Silvério que fundou a comunidade há cerca de 120 anos. Artur, nascido em 1885, era filho do escravo Camilo Silvério, que veio de Angola em navio negreiro em meados do século XIX. Chegando ao Brasil, conseguiu sua carta de alforria e se estabeleceu, em Minas Gerais, no povoado Vila de Santa Quitéria, em um lugarejo chamado Ilha do Macuco, atualmente a cidade de Esmeraldas.
Camilo casou-se com a escrava alforriada Felisbina Rita Cândida, com quem teve seis filhos. Desses, destacou-se Artur Camilo Silvério, que mais tarde fundou uma comunidade em seis hectares de terra no povoado Domingos Pereira, hoje Jardim Vera Cruz, em Contagem. Artur Camilo casou-se com a negra Carmelinda Maria da Silva, e desse casamento nasceram 10 filhos. Na atualidade, vivem em um bairro urbano da cidade de Contagem, que é um grande centro industrial.
A comunidade já possui o certificado de reconhecimento da Fundação Cultural Palmares e, desde 2005, aguarda a titulação de suas terras pelo Incra.
Existem vários estudos sobre a formação e a cultura dessa comunidade, entre eles citamos:
GOMES, Núbia Pereira de Magalhães; PEREIRA, Edmilson de Almeida. Negras raízes
mineiras: os Arturos. Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora, 1988.
SILVA, Rubens Alves da. Negros católicos ou catolicismo negro? – Um estudo sobre a construção da identidade negra no congado mineiro. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1999.
LUCAS, Glaura. Os sons do Rosário: um estudo etnomusicológico do congado mineiro – Arturos e Jatobá. Escola de Comunicações e Artes da USP, 1999.
MARTINS, Leda M. Afrografia da memória: O reinado do Rosário do Jatobá. São Paulo: Perspectiva, Belo Horizonte: Mazza, 1997.
SANTOS, Erisvaldo Pereira dos. Religiosidade, identidade negra e educação: o processo de construção da subjetividade dos adolescentes dos Arturos. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, 1997.
SABARÁ, Romeu. A comunidade negra dos Arturos: o drama de um campesinato negro no Brasil. Faculdade de Filosofia, Ciências Sociais e Letras da Universidade de São Paulo, 1997.
SILVA, Júnia Bertolina. O congado na comunidade dos Arturos: catolicismo ou culto africano? Monografia (Ciências Sociais). Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, 2002.
 
 
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