A cacica Marinalva e o vice-cacique Merong e outras duas indígenas da Aldeia Kamakã Grayra, em Esmeraldas, MG, dia 06/6/2018. Foto: G. L. Moreira
Há um ano e meio, no dia 1º de janeiro de 2017, dezenas de famílias indígenas, que moravam antes na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG – expulsas de seus territórios e sobrevivendo em diáspora forçada -, apoiadas pela Associação dos Povos Indígenas de Belo Horizonte e Região Metropolitana (APIBHRM), ocuparam parte de uma das três fazendas da FUCAM (Fundação Educacional Caio Martins), Fazenda Santa Tereza, no município de Esmeraldas, RMBH, fazenda de propriedade do Governo de Minas Gerais. Na época da retomada, essa fazenda e as outras duas fazendas da FUCAM encontravam-se totalmente abandonada, sem cumprir sua função social, e essa situação só foi alterada após a retomada indígena, quando, então, o Governo de Minas Gerais preocupou-se em desenvolver, ali, algumas ações. Essa retomada indígena deu origem à Aldeia Kamakã Grayra, em homenagem à Jacinta Grayra, última ancestral a falar a língua Kamakã. Na aldeia encontram-se 62 famílias, com 264 indígenas, que, cansados das injustiças, da discriminação, da violência e do preconceito sofridos na capital mineira, do descaso do Poder Público em relação a essa realidade, e tendo conhecimento, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, dessa extensa área, com benfeitorias abandonadas, decidiram por sua ocupação, melhor dizendo, decidiram retomar do Estado de Minas Gerais as terras que, originariamente, lhes pertencem, por legítimo direito. Nesse vídeo, a 3ª e última parte da reunião realizada no dia 06/6/2018, com lideranças indígenas da Aldeia Kamakã Grayra e representantes da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), do CEDEFES (Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva) e da CPT-MG (Comissão Pastoral da Terra), em que são relatados mais detalhes da luta por essa retomada indígena, incluindo ações concretas da FUNAI pela garantia desse direito ao território aos indígenas. Nessa reunião, a FUNAI fez a Qualificação da nova Aldeia, uma espécie de cadastro da realidade da nova aldeia. Faz-se necessário que o Governo do Estado de Minas Gerais, a direção da FUCAM e a Mesa de Negociação do Governo com as Ocupações iniciem, com urgência, um processo de negociação sério, ético e humano que reconheça a legitimidade da Retomada Indígena Kamakã Grayra, em Esmeraldas, MG e efetue a Concessão de Uso da terra para essa Comunidade Indígena. Espera-se do Governo de Minas Gerais a celeridade nas ações, evitando qualquer forma de violência e repressão aos indígenas da RMBH; antes, e, sobretudo, reconheça o direito à terra dos Povos Indígenas e respeite sua dignidade. Há toda uma vida pra ser (re)construída, resgatada e vivida na Aldeia Kamakã Grayra, em perfeita harmonia com a Mãe Natureza que clama por cuidado e revitalização e tem nos indígenas seus legítimos e amorosos guardiães.
*Reportagem em vídeo de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CEBs e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, da Equipe de Comunicação da CPT-MG. Esmeraldas,MG, 06/6/2018. * Inscreva-se no You Tube, no Canal Frei Gilvander Luta pela Terra e por Direitos, no link: https://www.youtube.com/user/fgilvander, acione o sininho, receba as notificações de envio de vídeos e assista a outros vídeos de luta por direitos sociais. Se assistir e gostar, compartilhe. Sugerimos.