Foto: Instagram do Malala Fund.
Malala Yousafzai, 20 anos, paquistanesa, uma das mulheres mais influentes do mundo e a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz anunciou, na última terça-feira (10), que vai patrocinar o trabalho de três ativistas brasileiras: Sylvia Siqueira Campos (Pernambuco), presidenta do Mirim; Ana Paula Ferreira de Lima (Bahia), coordenadora da Associação Nacional de Ação Indigenista; e Denise Carreira (São Paulo), coordenadora da Ação Educativa. O anúncio foi feito no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, para uma platéia de alunos de escolas públicas e ativistas de projetos educacionais.
As brasileiras selecionadas passarão a integrar a Rede Gulmakai, uma iniciativa do Fundo Malala que patrocina projetos de homens e mulheres que promovem a educação de meninas em vários países do mundo.
Conheça as mulheres brasileiras que integrarão a Rede Gulmakai
Sylvia Siqueira Campos é presidente do Movimento Infanto-juvenil de Reivindicação (Mirim), com sede em Recife, Pernambuco. Criado em 1990, o Mirim se propõe a “defender e promover os direitos humanos com foco na infância, adolescência e juventude, a fim de combater as desigualdades, estimular a cidadania ativa e radicalizar a democracia”. Sylvia participa do movimento desde que tinha 13 anos.
Ana Paula Ferreira de Lima é uma das coordenadoras da Associação Nacional de Ação Indigenista (Anaí). A Anaí foi criada em 1979 para “promover e respeitar a autonomia cultural, política e econômica e o direito à autodeterminação dos povos indígenas”. Ana Paula também é professora e atua para ajudar meninas indígenas a terminarem os estudos na Bahia, além de treinas 60 garotas indígenas para se tornarem jovens ativistas.
Denise Carreira é coordenadora adjunta da Ação Educativa, uma organização fundada em 1994 para promover os direitos educativos e da juventude, tendo em vista a justiça social, a democracia participativa e o desenvolvimento sustentável no Brasil. Denise também desenvolve um curso sobre igualdade de gênero voltado para professores, além de produzir um relatório sobre a violência e a discriminação de gênero na educação.
Fundo Malala e Rede Gulmakai
Malala Yousafzai em visita a São Paulo. Foto Rovena Rosa/Ag. Brasil
O Fundo Malala já havia contemplado iniciativas de ativistas indígenas no México, mas o anúncio de terça marca a expansão da Rede Gulmakai para a América Latina. Atualmente, a Rede financia o trabalho de 22 ativistas em prol da educação de meninas em seis países: Afeganistão, Líbano, Índia, Nigéria, Paquistão e Turquia.
O nome da rede, Gulmakai, era o pseudônimo que Malala usava quando tinha apenas 11 anos e escrevia, em Urdu, um blog para a BBC sobre os desafios que as garotas enfrentavam para conseguir estudar no Vale do Swat, sua terra natal no Paquistão.
Graças a sua atuação, Malala ganhou notoriedade e, por defender seu direito de ir à escola -atividade proibida para meninas em seu país – foi vítima de uma tentativa de assassinado pelo regime Talibã em 2012. Após sobreviver ao atentado, Malala ganhou projeção internacional e, desde então, ela tem advogado pelo direito à educação das meninas em todo o mundo.
Malala no Brasil
Precisamos que todas as meninas estejam na escola, mas não podemos parar aí. Quem está estudando não pode ter medo, ser intimidada, desmotivada ou desmoralizada. Essas meninas têm o direito de estudar, não podem ser forçadas a trabalhar, casar ou ter filhos.
Disse Malala em evento do dia 9 no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo, para uma platéia de alunos de escolas públicas e ativistas de projetos educacionais.
Educação é mais que apenas aprender a ler. Educação é emancipar-se. Educação feminina é empoderamento para as mulheres.
Apesar de ser vista por muitos como heroína, Malala fez questão de refutar o título logo no início do debate:
Tantas colegas que estudavam comigo queriam levantar a voz e se manifestar. Eu não era diferente delas. A minha voz só pôde ser ouvida porque eu tenho pais que são especiais e sempre me apoiaram.
Durante o evento, o CEO do Fundo Malala, Farah Mohamed, afirmou que “o Brasil está fazendo progressos para as meninas, mas apenas para algumas meninas”:
Garantir acesso igualitário à educação requer liderança ousada e ágil. É por isso que temos orgulho de investir nessas três ativistas, cujo trabalho para desafiar os líderes e mudar as normas já está ajudando a criar um futuro melhor para todas as meninas brasileiras.
Disse Farah.
Por Daniel Caseiro. Com informações do G1 e do Correio da Bahia.
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