A luta diária da Aldeia indígena Maraka’nà e a Primeira Descolônia de Férias

19/12/2018

Alenice Baeta

Foi feita na tarde do dia 18 de dezembro de 2018 uma grande mobilização em forma de passeata na porta do Tribunal Regional Federal da 2ª Região-TRF2, na Praça Mauá, na capital do Rio de Janeiro, em solidariedade aos povos indígenas, contra o neoliberalismo e o Estado que age em nome dos interesses de empreiteiras, do mercado financeiro e do agronegócio, visando à perpetuação das atitudes colonialistas que querem fazer desaparecer a história, a memória e a cultura dos povos originários.

Sobre o julgamento de hoje no TRF2 a liderança José Guajajara enviou a seguinte mensagem:

“Agradeço à presença dos drs. André de Paula, Luiza Maranhão e Marino D Icarahy e todas as lideranças indígenas. O resultado, em que pese nada ter alterado, transformou o processo em um dos mais importantes do Tribunal e coloca a posse indígena na ordem do dia aqui no Rio de Janeiro. Reafirmar os valores, preceitos, prerrogativas e garantias constitucionais da imprecritibilidade, inalienabilidade e indisponibilidade dos direitos indígenas é uma Vitória.”

Seguindo a trajetória de luta e de resistência permanente da aldeia Maraka’nà está sendo organizada para os próximos dias (21 a 23 de dezembro) a “Primeira Descolônia de Férias”, onde será abordado o tema “Cosmologia de Floresta” que tem como objetivo promover a “indigenização” da cultura dos povos originários em contexto urbano, protagonizando e valorizando os saberes ancestrais por meio de uma universidade intercultural indígena, a dignidade humana pluriétnica e a conscientização da preservação dos Biomas para a conservação do planeta.

A “descolônia” faz parte do projeto da Universidade Indígena Pluriétnica, assunto debatido de forma intensa por indígenas de várias etnias do país e da América Latina, além de estudantes, pesquisadores, ativistas e demais participantes durante o Congresso Intercultural de Resistência Maraka’nà-Coirem 2018, que ocorreu mês passado, sediado na Aldeia Maraka’nà – evento dedicado também em denunciar a violência de Estado sofrida pelos povos tradicionais no Brasil e no mundo.

As perseguições à Aldeia Maraka’nà são contínuas, mas a sua história e a sua resistência é de muita força e grandeza, além de absolutamente justa. Sigamos firmes na luta!

Reunião de lideranças indígenas na Aldeia Maraka’nà-RJ, debatendo sobre universidade indígena e reparação histórica. Foto: Alenice Baeta/CEDEFES, 2018.

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