Em oito episódios, elas falam de suas contribuições para a sociedade; Nilma Lino Gomes é a primeira entrevistada
Quase metade dos 892 grupos de pesquisa da UFMG são liderados por mulheres, segundo levantamento realizado pela Pró-reitoria de Pesquisa, em 2017. As mulheres representam, ainda, 42% dos pesquisadores inventores nos depósitos de patentes da Universidade. Com base em estudo de 2017 da Elsevier, uma das maiores editoras científicas do mundo, as mulheres produzem metade da ciência brasileira.
Entretanto, apesar dos avanços percebidos, invisibilidade e outras barreiras continuam sendo enfrentadas pelas pesquisadoras brasileiras. “Não podemos perder de vista que a presença das mulheres na universidade não é igualitária. Ainda vivemos uma discrepância muito grande. As mulheres estão presentes nas áreas de humanas e nas biológicas, mas – por questões históricas e culturais – estão muito ausentes nas exatas e nas engenharias”, ressalta a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, estudiosa do feminismo na literatura.
Neste cenário, a TV UFMG acaba de estrear a série Mulheres cientistas, que busca contribuir para a reflexão sobre a mulher cientista no Brasil, suas questões, dilemas, enfrentamentos e desafios. Para a jornalista Soraya Fideles, responsável pela produção, reportagem e edição de conteúdo da série, a iniciativa busca estimular o debate sobre “equilíbrio de gênero entre pesquisadores e pesquisadoras e a participação feminina no campo das ciências e das carreiras acadêmicas”.
Os oito episódios documentam, com base em relatos pessoais, parte da história e trajetória de mulheres cientistas da UFMG. “Elas falam sobre o que é ser cientista e as contribuições do conhecimento que produzem na UFMG para a sociedade”, diz Soraya Fideles. Ela ressalta que a série foi concebida com a preocupação de contemplar personagens de “diversas áreas de conhecimento, gerações e raças” e revela que a produção e a finalização do conteúdo contaram com a participação de toda a equipe da TV UFMG. “Foi um trabalho coletivo”, sublinha.
“A iniciativa é muito bem-vinda”, destaca a reitora da UFMG. Para Sandra Almeida, é fundamental que a própria universidade se rediscuta, buscando ampliar os espaços de participação das mulheres. “A comunicação institucional é um dos caminhos”, defende a dirigente.
Nilma Lino Gomes é pedagoga e mestre em Educação (UFMG), doutora em Antropologia Social (USP), com residência pós-doutoral em Sociologia pela Universidade de Coimbra. É professora da graduação e pós-graduação da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG. Coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Étnico-raciais e Ações Afirmativas (Nera) e o GT21 Educação e Relações Étnico-raciais da Anped (2012-2013). Integra a Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN) e a Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional.
Assista ao vídeo:
Mulheres na UFMG
46% dos líderes dos 892 grupos de pesquisas da UFMG;
52% dos estudantes de graduação;
58% dos estudantes da pós-graduação;
42,3% dos professores doutores;
36% dos bolsistas de pesquisa da CNPq.