05/09/2020
Organização pressiona governo federal para desenvolver um plano específico para territórios quilombolas
O boletim epidemiológico do “Observatório da Covid-19 nos Quilombos”, organizado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq) e o Instituto Socioambiental (ISA) revela que houve, até o momento, 156 óbitos e 4.541 casos de contaminados por coronavírus nos quilombos do Brasil. Isto significa que, desde a primeira morte, dia 11 de abril, morreu cerca de quilombola por dia.
No dia 28 de maio, eram 197 casos confirmados, um aumento de 3.905 em pouco mais de quatro meses no registro de infectados nos territórios quilombolas.
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Além dos contaminados e dos óbitos, o boletim epidemiológico indica que outros 1.214 quilombolas seguem monitorados, sem a confirmação, ainda, de que estão contaminados e outros 3 três óbitos também aguardando confirmação de diagnóstico (Bahia, Minas Gerais e Pará). No Brasil, são quase 125 mil mortes e mais de 4 milhões de pessoas infectadas já registrados.
O levantamento computa o total de óbitos em 16 dos 24 Estados com quilombos certificados e/ou em processo de certificação. Desses, 28% estão no Estado do Pará que também lidera o número de quilombolas contaminados e com suspeita de covid, colocando a Região Norte do Brasil como a mais letal diante da proliferação do coronavírus nos territórios quilombolas, com 42% dos casos mapeados pela Conaq em todo o Brasil.
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Seguidos do Pará, onde houve 43 mortes, vem o Rio de Janeiro (38), Amapá (23), Maranhão (12) e Pernambuco (9).
A organização denuncia que os dados da transmissão da doença em territórios quilombolas são sub-notificados, pois muitas secretarias municipais deixam de informar ocorrências entre pessoas quilombolas. Por isso, os números seriam maiores, como analisa o coordenador, Biko Rodrigues.
“É um número muito subestimado, porque o controle está sendo feito pela Conaq e organizações estaduais. A gente está buscando informações, da nossa forma, com campanha, materiais informativos, mas por parte do estado não existe nenhuma ação concreta”, declara.
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O dirigente pontua que a organização está construindo ações judiciais para obrigar o governo federal a construir um plano que possa atender os territórios quilombolas na questão do enfrentamento a covid-19.
Edição: Rodrigo Durão Coelho