Catálogo de produtos da Associação de Artesãos de Santa Cruz de Chapada do Norte

13/10/2020

Chapada do Norte está localizada no médio Vale do Jequitinhonha a 540kms de Belo Horizonte, somos o município com maior percentual de população negra em Minas Gerais com dezenas de quilombos compondo nosso território. Enfrentamos dificuldades como a seca e a ausência de oportunidades de trabalho que culmina numa migração sazonal, onde os homens e por vezes as famílias, se tornam mão de obra para a colheita do café, cana de açúcar econstrução civil em centros urbanos como São Paulo, Mato Grosso e Sul de Minas.
A Vila de Santa Cruz de Chapada do Norte tem sua origem durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, especificamente na região de Minas Novas no início do séc. XVIII, as riquezas descobertas atraíram os exploradores, pesquisadores, autoridades ligadas à coroa e trabalhadores africanos aprisionados e feitos escravos. Aos negros e negras cabiam a missão de trazer à luz o ouro, pedras preciosas e servir aos senhores da casa grande.

Com a revolta daqueles que não se submetiam à vida escravizada e mais tarde com o fim da escravidão, a população africana largada à sua própria sorte permaneceu e habitou o município, buscando refugiar-se próxima aos veios de água como córregos e ribeirões e sua cultura, músicas, danças, culinária, práticas religiosas são patrimônios imateriais permanecendo vivos através das gerações.
A produção artesanal e o trabalho realizado pela ARCA é uma das alternativas de geração de renda e autonomia para as comunidades quilombolas e moradores da sede do município, a associação se organizou na década de 90 com artesãs e artesãos dos Quilombos de Gravatá, Faceira, Cuba, Poções e Alves com destaques para Mestre Zé do Ponto (in memorian), Aneli Pereira, João Gualberto, Paulo Tofoletti e José Neto. O artesanato iniciou a partir de um resgate do modo de fazer tradicional, na confecção de móveis rústicos, bolsas e instrumentos musicais com matérias primas encontradas na natureza, lavoura e agropecuária local, como a palha do milho, couro, sementes e troncos de árvores.

Utilizando técnicas de trançados em couro e palha de milho, produzimos móveis decorativos utilitários como bancos, cadeiras, baús, tamboretes e mesas; bolsas, cachepots e porta joias de variados tamanhos e modelos além de instrumentos musicais confeccionados à mão como tambores e caixas de folia talhados em troncos das árvores como ‘Tamboril, Pau sangue, Açoita Cavalo e Pau santo’.
As artesãs utilizam cascas de árvores como ‘Jatobá, Tingui, Aroeira, Angico e Moreira’ para tingir naturalmente a palha do milho, adquirindo tons de marrom e amarelo.

 

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