A 1ª Mostra Córregos Vivos, que aborda a preservação da bacia hidrográfica do Cercadinho, localizada na região oeste de Belo Horizonte (MG), está disponível de forma virtual a partir desta terça-feira (9).
O projeto é desenvolvido pelo grupo de pesquisa em arte e arquitetura Terra Comum, que conta com a participação de estudantes das escolas de arquitetura das universidades estadual e federal de Minas Gerais.
A mostra questiona o princípio de ocupação territorial de Belo Horizonte, que privilegiou a construção de vias e a divisão de terras em detrimento dos córregos, que, segundo o grupo, “foram tamponados e violentados ao longo da história”. A ação antrópica na região atingiu frontalmente nascentes, córregos e ribeirões a céu aberto, que se tornaram escassos.
O processo articula memória e experiências dos moradores da região com as águas naturais. A Córregos Vivos inclui a produção de um curta-metragem, exposição de pinturas, o projeto Rádio Cercadinho e um banco comunitário em prol do desenvolvimento da bacia hidrográfica.
A atenção é voltada para dois córregos principais da bacia, o Cercadinho e Ponte Queimada, que são alvo da degradação humana. A proposta é pensar a possibilidade de ocupar o território de uma maneira mais saudável e respeitosa com o meio ambiente. As margens e redondezas dos córregos abrangem os bairros Buritis, Estoril, Estrela Dalva, Havaí, Palmeiras e Marajó.
Os integrantes do projeto defendem que as bacias hidrográficas brasileiras deveriam ser o ponto de partida da vida cotidiana, ambiental e cultural da população, na contramão do processo histórico de canalização e enterramentos para construção de vias, por exemplo.
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte, existem mais de mil nascentes cadastradas na capital mineira.
A Bacia do Cercadinho, por sua vez, já foi o principal manancial da cidade. Seus córregos principais e outras de suas águas são afluentes do Ribeirão Arrudas, que corta o município.
Os pesquisadores alertam que, ainda que em 1990 uma área de proteção ambiental tenha sido estabelecida por decreto estadual para a bacia, as nascentes sofrem constante pressão do mercado imobiliário.
Como acessar?
Seis grupos temáticos atuaram junto à população local entre os meses de setembro e novembro para angariar dados e pensar ações de proteção e revitalização: Histórias Locais, Nascentes e Matas, Jardins Viventes, Morar na Bacia, Economia dos Afetos e Pinturas de Territórios.
O projeto é construído por profissionais de diversas áreas como artistas, arquitetos, antropólogos ambientalistas, professores, historiadores, biólogos, com a participação da comunidade local.
A 1ª Mostra Córregos Vivos conta com o levantamento de propostas, debates, seminários e disponibilização de material pedagógico. Acesse o site aqui.
Edição: Rodrigo Durão Coelho