Artigo na Journal of Agrarian Change analisa a prática subversiva da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de documentar, armazenar e divulgar a violência e o conflito no campo no Brasil desde 1975

01/03/2021

https://www.cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/cpt/5546-artigo-na-journal-of-agrarian-change-que-analisa-a-pratica-subversiva-da-comissao-pastoral-da-terra-cpt-de-documentar-armazenar-e-divulgar-a-violencia-e-o-conflito-no-campo-no-brasil-desde-1975?fbclid=IwAR2ezXDxJMdPgu2bJuZkAnZByKzPuMb0g7pacBZy0EV_sWXj1YBOCeEeoGg

Fonte:https://www.cptnacional.org.br/publicacoes/noticias/cpt/5546-artigo-na-journal-of-agrarian-change-que-analisa-a-pratica-subversiva-da-comissao-pastoral-da-terra-cpt-de-documentar-armazenar-e-divulgar-a-violencia-e-o-conflito-no-campo-no-brasil-desde-1975?fbclid=IwAR2ezXDxJMdPgu2bJuZkAnZByKzPuMb0g7pacBZy0EV_sWXj1YBOCeEeoGg

O professor João Roriz, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Ricardo Barbosa Jr., egresso do curso de Relações Internacionais, publicaram um artigo na Journal of Agrarian Change que analisa a prática subversiva da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de documentar, armazenar e divulgar a violência e o conflito no campo no Brasil desde 1975. Baseado em entrevistas com membros da CPT Nacional e outras fontes primárias, o trabalho explora conceitualmente as práticas da organização e o conhecimento emancipatório produzido por ela.

(Faculdade de Ciências Sociais UFG) 

O artigo oferece uma contribuição inovadora ao apresentar a CPT, uma organização central, embora muitas vezes negligenciada, para a comunidade acadêmica internacional. Ademais, traz elementos teóricos críticos para compreender suas práticas. Os autores analisam como a documentação da violência tem sido crucial para enquadrar a questão agrária brasileira e, como resultado, criar condições sustentáveis ​​para a mobilização de movimentos sociais do campo e ativistas acadêmicos. Se, por um lado, o Estado tem buscado despolitizar a violência agrária mesclando a violência no campo com dados gerais de crimes, por outro, a CPT constrói um banco de dados de violência que subverte os esforços do Estado de ocultação. O que antes era entendido como casos dispersos, isolados e episódicos, a CPT conectou e enquadrou como ‘conflitos no campo’, o que resultou em uma contra-narrativa que se opõe à do Estado e do desenvolvimento extrativista. A documentação da violência é uma ‘tecnologia de resistência’ promissora quando movimentos sociais do campo e ativistas-acadêmicos se deparam com a ascensão do populismo autoritário. A prática tem potencial para ser replicada em outros contextos políticos e geográficos.

Este é o resultado principal de uma pesquisa desenvolvida nos últimos cinco anos. Versões anteriores foram apresentadas na 2018 Annual Millennium Conference ‘Revolution and Resistance in World Politics’, na London School of Economics, e na 6th International Conference of the BRICS Initiative for Critical Agrarian Studies (BICAS) na Universidade de Brasília, em outubro e novembro de 2018, respectivamente.

Os autores escolheram publicar na Journal of Agrarian Change pelo foco temático da revista – sendo esta a principal revista de economia política agrária – e por ser uma referência no fomento de pesquisas com postura política comprometida. Neste sentido, as contribuições empíricas e conceituais do artigo buscam ser úteis para acadêmicos, ativistas e demais interessados em movimentos sociais e na luta pela terra.

O artigo pode ser acessado aqui: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/joac.12416

Barbosa Jr., R, Roriz, J. The subversive practice of counting bodies: Documenting violence and conflict in rural Brazil. Journal of Agrarian Change. 2021; 1– 17. https://doi.org/10.1111/joac.12416

 

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