23/08/2021
Mostra retrata as pessoas e as histórias do Vale do Jequitinhonha
O Centro de Arte Popular, no Circuito Liberdade, recebe a partir de 26 de agosto, a exposição “Desde o chão do Jequitinhonha”. A mostra reúne imagens e objetos do fotógrafo e colecionador Lori Figueiró, que retratam o Vale do Jequitinhonha e seu bem mais precioso: as pessoas e suas histórias. A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada até 7 de novembro, de terça a sexta, das 12h às 19h, e aos sábados e domingos, das 11h, às 17h, na Sala de Exposições Temporárias do CAP. A curadoria é de Rafael Perpétuo.
Fala-se muito na seca do Jequitinhonha, em sua ancestralidade que leva a conhecimentos imemoriais, da importância do rio para o desenvolvimento e sobrevivência da região. Além, é claro, de seu artesanato como o substrato de uma vivência dura, sem muitos recursos, mas de poética pura e simples.
O Vale, nas imagens apresentadas na exposição, é muito mais que isso: são as pessoas e suas histórias. Cada imagem não é somente a fotografia do retratado, é sua própria história, que Figueiró conta, dando nome às pessoas, aos povoados e às suas origens. Não há imagens em vão. O interesse do fotógrafo não é somente a visualidade de suas fotografias. Ele tem por intenção preservar a imagem das pessoas como a micro história do Vale do Jequitinhonha, a memória da região por meio da vida de cada um.
No conjunto das imagens que compõem a exposição é possível destacar a atração que Figueiró tem por retratar as mulheres do Vale. Símbolos da resistência, elas são as matriarcas e filhas que preservam as tradições da região, que sustentam as famílias enquanto os homens estão na lavoura ou na cidade grande; que levam o conhecimento aos mais novos e tentam, bravamente, perpetuar o fazer da arte popular local, seja nas cerâmicas, nos bordados, nas pinturas, enfim, em sua relação com o que têm à mão para produzir. As mulheres são personagens de suas próprias vidas e símbolos da preservação da memória coletiva.
As fotografias apresentadas são produzidas em composições finamente construídas por Lori Figueiró, onde o plano de fundo contrasta com as figuras em primeiro plano, quase sempre em uma postura ereta ou em labor. Através de cenas triviais, o fotógrafo capta, de forma exemplar, a grandeza das pessoas da região. Elas são a essência do Vale do Jequitinhonha. E a missão de vida de Lori é levá-las, desde o chão do Jequitinhonha, até os espectadores para que não se esqueçam nunca: o Jequitinhonha é vida.
Lori Figueiró nasceu em Diamantina e passou parte da vida trabalhando em uma distribuidora de bebidas, o que lhe valeu um conhecimento ímpar sobre o Vale do Jequitinhonha. O serviço ordinário de transportar bebidas, não derrubou um sentimento que parece entranhado na persona do artista, que percebia a cultura como um lastro importante de sua existência. Desde pequeno era ávido leitor, bibliófilo e “comedor de páginas” como diria Umberto Eco. Mas os livros não bastaram, Figueiró queria também poder fazer. E assim prosseguiu, após abandonar o ofício anterior e se dedicar à fotografia e à sua ONG, “Memorial do Vale”, que hoje ajuda na permanência da memória dos artistas da região. Lori sonha, ainda, em um dia construir um museu.
A exposição temporária “Desde o chão do Jequitinhonha” conta com recursos da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e com patrocínio da CEMIG.
Centro de Arte Popular
Localizado nas adjacências da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, o Centro de Arte Popular exibe ao público a riqueza da cultura produzida pelos artistas populares de Minas Gerais. A instituição tem por objetivo divulgar a pluralidade e a diversidade cultural mineira, dinamizando a produção, o consumo e a fruição artística, além de atuar como poderoso agente de inclusão social.
Inaugurado em 19 de março de 2012, o CAP integra o Circuito Liberdade e seu acervo é composto por objetos confeccionados em madeira, cerâmica, tecido, fibras naturais, pedras, além de outros suportes e linguagens. A originalidade e a criatividade do artista popular mineiro estão ao alcance dos olhos dos visitantes, assim como o domínio do fazer artístico sobre as matérias-primas proporcionadas pela natureza.
Produzida de forma espontânea, sem determinação direta dos circuitos acadêmicos de transmissão de saberes e geralmente oriunda dos estratos populares da sociedade, a arte popular revela autonomia e capacidade de subversão em relação aos cânones ditados pelo saber erudito, a despeito do constante fluxo e das trocas que permeiam essas instâncias.
A instituição conta com um programa de ação educativa permanente e produz exposições temporárias, oficinas e eventos diversos relacionados às diversas expressões da arte criadas pelo homem ao longo dos tempos no território que corresponde ao Estado de Minas Gerais.
O Centro de Arte Popular é um equipamento da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e integra o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte.
Serviço:
Exposição Temporária “Desde o chão do Jequitinhonha”
Período expositivo: 26 de agosto a 7 de novembro de 2021
Local: Sala de exposições temporárias do CAP
Horário: terça a sexta, das 12h às 19h; sábados e domingos, das 11h, às 17h
Endereço: Rua Gonçalves Dias, 1608 – Lourdes – BH/MG
Entrada gratuita
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