Festival do filme etnográfico e documental começa nesta quinta-feira (18/11) com 46 filmes em exibição e formato híbrido
(foto: Fotos: Forumdocbh/Divulgação)
O Fórumdoc.bh completa 25 anos reafirmando o compromisso de incluir novos protagonistas na cena cinematográfica, em especial diretores indígenas. A edição deste ano do festival dedicado ao filme etnográfico e documental reúne 46 títulos, divididos em três mostras que destacam a produção de realizadores indígenas, LGBTQUIA+, negros e ciganos.
O Festival ocorre em formato híbrido, a partir desta quinta-feira (18/11) até 2 de dezembro, com programação 80% on-line e 20% presencial. As sessões serão realizadas no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes, e na plataforma cinehumbertomauromais.com.
Debates, mesas-redondas, masterclass, vídeo-instalações, catálogos bibliográficos e uma manifestação on-line completam a vigésima quinta edição do festival mineiro. A programação é gratuita.
“O festival abre um repertório que era sistematicamente inviabilizado por um cinema dominado por homens brancos. Isso é muito patente: a falta de realizadores mulheres, negras, indígenas. O mais interessante é que esses filmes de fato modificam nosso entendimento não só sobre o Brasil, mas sobre nossa relação com a natureza, a terra”, afirma Paulo Maia, curador e um dos fundadores do Forumdoc.
REPERTÓRIO
“A presença de realizadores indígenas, afro-brasileiros, LGBT, dá um refresh não só do ponto de vista do conteúdo, mas também da forma, que é uma coisa que nos interessa muito. Ou seja, como os filmes são feitos? Eles são realizados a partir de que desejo? A partir de que repertório técnico?”, diz.
Debates, mesas-redondas, masterclass, vídeo-instalações, catálogos bibliográficos e uma manifestação on-line completam a vigésima quinta edição do festival mineiro. A programação é gratuita.
“O festival abre um repertório que era sistematicamente inviabilizado por um cinema dominado por homens brancos. Isso é muito patente: a falta de realizadores mulheres, negras, indígenas. O mais interessante é que esses filmes de fato modificam nosso entendimento não só sobre o Brasil, mas sobre nossa relação com a natureza, a terra”, afirma Paulo Maia, curador e um dos fundadores do Forumdoc.
REPERTÓRIO
“A presença de realizadores indígenas, afro-brasileiros, LGBT, dá um refresh não só do ponto de vista do conteúdo, mas também da forma, que é uma coisa que nos interessa muito. Ou seja, como os filmes são feitos? Eles são realizados a partir de que desejo? A partir de que repertório técnico?”, diz.
Para Paulo Maia, o cinema é uma espécie de escudo e arma das culturas indígenas. “Os indígenas logo perceberam que o cinema é uma ferramenta de luta. Eles comparam a câmera com uma arma, no sentido da defesa dos territórios e para dar visibilidade para o que está acontecendo (nas aldeias). A mídia é muito condescendente com a invasão dos territórios indígenas pelo agronegócio e a mineração no Brasil”, aponta.
Nesta edição, o Fórumodoc.bh também exibe produções indígenas de fora do Brasil, com uma retrospectiva de oito filmes produzidos pelo Karrabing Film Collective – coletivo de aproximadamente 30 cineastas de diferentes etnias do Norte da Austrália. As obras são exibidas pela primeira vez na América Latina e apresentam a saga dos povos para preservar suas vidas e terras ancestrais.
“Para a gente (curadores), foi uma das filmografias mais instigantes dos últimos tempos. Traz uma criatividade gigantesca na sobreposição de imagens, no tipo de proposta e na mise en scène, com uma coisa que eles chamam de realismo improvisado. As questões são muito semelhantes com o que acontece com os povos indígenas aqui no Brasil. A gente vê muitas analogias”, observa Paulo.
CURA
A retrospectiva inclui uma masterclass com a antropóloga norte-americana Elizabeth Povinelli, integrante do Karrabing Film Collective, no dia 28/11, às 20h. A conferência tem tradução simultânea em libras.
Por fim, a mostra “Comunidades de cuidado: fabulações, enfrentamentos e éticas de cura” reúne filmes (majoritariamente brasileiros) realizados por diretores indigenas, negros, LGBTQUIA e ciganos. Os 19 documentários discutem o processo de construção de comunidades com atenção à ética da cura – inspirada no trabalho do artista visual Castiel Vitorino.
“É uma mostra bem heterogênea, que traz um repertório maior e mais diverso. E interconecta, sem deixar as particularidades, as comunidades negras, indígenas, ciganas e LGBTQUIA ”, segundo afirma Paulo Maia.
A mostra se divide em três eixos (fabulação, enfrentamento e cura) e discute questões em pauta no século 21, como patriarcado, racismo, LGBTfobia, machismo, misoginia e xenofobia. Haverá uma conferência com Castiel Vitorino (21/11, com tradução em libras) e três mesas temáticas com inscrições prévias gratuitas.
Na abertura do Fórumdoc.bh 2021, às 18h30 desta quinta, haverá um debate on-line sobre a constituição e resistência de arquivos e acervos. A discussão problematiza os arquivos convencionais, que geralmente sustentam a narrativa do Estado e inviabilizam as histórias das minorias, como os negros e indígenas.
“Por exemplo, a Comissão da Verdade (criada pela ex-presidente Dilma Rosseff, em 2011) revelou o assassinato de mais de 16 mil indigenas pela ditadura militar. Até a criação desse acervo, ninguém sabia disso”, aponta Paulo Maia. Participam do debate o cineasta indigena Gustavo Caboco e os pesquisadores Juliana Fausto e Marcelo Zelig (do canal de YouTube Armazém da Memória).
*Estagiário sob a supervisão da editora Silvana Arantes
FORUMDOC.BH – 25º FESTIVAL DO FILME DOCUMENTÁRIO E ETNOGRÁFICO
Desta quinta-feira (18/11) a 2 de dezembro. Programação completa no site www.forumdoc.org.br. Instagram e Facebook: @forumdoc.bh.