Com o temporal, as estradas de terra estão completamente inundadas e sem passagem para veículos de nenhum porte. O que restou foi o pedido de socorro
Moradores da Aldeia Pradinho, localizada em Umburaninha, em Bertópolis, na Região do Jequitinhonha, estão ilhados após as fortes chuvas, que afetam o Nordeste de Minas desde a última terça-feira (7/12). Com o temporal, as estradas de terra estão completamente inundadas e sem passagem para veículos de nenhum porte. Nem mesmo cavalos conseguem entrar no município. O que restou foi o pedido de socorro.
Nas redes sociais, os moradores da região pedem por doações de itens básicos de saúde e medicamentos, cestas básicas, água mineral, fraldas descartáveis, cobertores, roupas de frio e calçados. Além disso, oferecem o Pix como opção. Os pontos de coleta são o Cras Bertópolis, localizado na Rua Fabrício Mendes, 160, e a Rua Quadra G, 25, Monte Santo, em Itanhém, na Bahia.
Confira mais informações sobre as doações:
Os moradores também relatam a situação do local e do povoado, que encontra dificuldades até mesmo para realizar atividades básicas do dia a dia, como trabalhar, caçar, pescar e cuidar das plantações. Sem escola no munícipio e com as estradas fechadas, as crianças estão impossibilitadas de estudar.
Além disso, crianças e adultos estão enfrentando problemas de saúde, tendo em vista um surto de gastroenterite grave. E isso sem o acompanhamento médico necessário, já que, conforme os relatos, está impossível sair da comunidade para buscar recursos e ajuda.
Em solidariedade, o Comitê Mineiro de Apoio à Causa Indígena postou um vídeo nas redes sociais pedindo socorro para a tribo. Em relato, um dos moradores, Marilton Maxakali, conta como está a situação do local, emocionado.
“A gente ‘tá’ no meio da dificuldade. A gente não tem medicação, não tem alimentação, por cauda da chuva forte, porque na segunda-feira à noite veio chuva mais forte. Estragou tudo, aí a gente não tem saída. A gente tem criança que tá passando mal, gestante, idosos precisando alimentar, precisando descansar. Cada dia e noite é uma grande preocupação porque nós temos crianças, temos que alimentar de dia e noite, porque tem almoço e janta e para nós é muito difícil, porque aqui na aldeia, nem de carro tá passando aqui, nem de moto, nem de cavalo. Estamos aqui parados.”
Marilton destaca, ainda, que não é só a sua tribo, mas sim muitas outras que sofrem com as chuvas. Segundo ele, a situação “é muito difícil”.
“Eu estou pensando muito na minha família, nas crianças. Mas, não só Maxakali, Umburaninha, Santa Helena, Bertópolis. Aqui não tem escola, não tá funcionando, e saúde não tá funcionando por causa de chuva. É muito difícil para o nosso povo. Porque não tem estrada, nenhuma estrada. Por onde vamos chegar? Por onde vamos buscar a comida para as nossas crianças? Estamos pedindo socorro. Alguém dá socorro para nós, porque a gente tá no meio da dificuldade. Parece estar no buraco. Não consegue sair. Eu não tenho o que fazer aqui em casa.”