Fachada da Escola Estadual Coronel José Gomes de Araújo, em São Domingos do Prata — Foto: Renata Cristina de Souza Araújo/Arquivo pessoal
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) informou que a Escola Estadual Coronel José Gomes de Araújo, em São Domingos do Prata, na Região Central, não terá as atividades encerradas no próximo dia 31, como o g1 havia revelado no início do mês.
De acordo com a SEE-MG, as comunidades quilombolas do Areião e Surrão iniciaram processo de reconhecimento de território junto à Fundação Cultural Palmares e, com a documentação encaminhada, a secretaria reconsiderou a decisão (leia abaixo a íntegra da nota).
“A Convenção 169, da Constituição Federal, dá o direito de que a autodeclaração transforme as comunidades em quilombolas. Para nós, foi algo muito importante porque, além de elas merecerem, elas precisam do apoio do estado”, assinala a especialista em educação básica Renata Cristina de Souza Araújo.
Atualmente, a escola atende 40 estudantes com faixa etária de 13, 14 e 15 anos, dos 7º ao 9º anos. Para 2022, ainda não há um número fechado.
O diretor de Direitos Humanos da Federação das Comunidades Quilombolas do Estado de Minas Gerais – N’Golo, Jesus Rosário Araújo, comemorou a decisão da SEE-MG.
“A gente recebe a notícia com alegria. A comunidade ainda não foi oficialmente comunicada pelo não fechamento da escola, mas a gente está muito satisfeito. É uma vitória pra gente. Isso é sinônimo de organização da comunidade”, destaca.
Uma das salas de aula da escola — Foto: Renata Cristina de Souza Araújo/Arquivo pessoal
Autodeclaração
No dia 12 de novembro, as comunidades se autodeclararam quilombolas, e entregaram documento à SEE-MG e à Secretaria Regional de Educação (SRE), em Nova Era.
Documento com pedido para que escola seja quilombola — Foto: Reprodução
Documento é assinado pelas comunidades quilombolas Surrão e Areião — Foto: Reprodução
Ação civil pública
No dia 2 de dezembro, a N’Golo ajuizou ação civil pública para tentar impedir o fechamento da escola.
A Federação entende que a decisão é uma “medida de racismo e marginalização das comunidades quilombolas do acesso às políticas públicas que devem ser formatadas para atender as especificidades étnico-culturais das comunidades quilombolas”.
Até esta sexta-feira (17), não havia nenhuma decisão judicial.
Refeitório da Escola Estadual Coronel José Gomes de Araújo — Foto: Renata Cristina de Souza Araújo/Arquivo pessoal
O que diz a SEE
Leia a íntegra da nota:
“A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) esclarece que as comunidades do Areião e Surrão, localizadas em São Domingos do Prata, iniciaram o processo de reconhecimento de território junto à Fundação Cultural Palmares. Considerando a documentação encaminhada recentemente pela Escola Estadual Coronel José Gomes de Araújo, dando ciência do processo iniciado pelas comunidades acima citadas, que são atendidas na unidade de ensino, a SEE/MG reconsiderou o processo de encerramento das atividades pela rede estadual em 2022. Neste momento, a demanda de estudantes para a construção do Plano de Atendimento Escolar 2022 da unidade está sendo analisada”.
Escola Estadual Coronel José Gomes de Araújo atende atualmente a 40 alunos — Foto: Renata Cristina de Souza Araújo/Arquivo pessoal