28/02/2022
Um vídeo feito na sexta-feira (25) mostra uma família inteira sentada nos degraus de um coletivo. A mulher que filmou alega que eles são sempre ignorados.
Moradores do bairro Vila Pinho, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte, denunciam que os indígenas venezuelanos da etnia Warao são constantemente hostilizados quando usam os ônibus da Estação Diamante.
“Isso acontece várias vezes. Na semana passada, uma passageira impediu a entrada de um deles e ainda disse que ele deveria voltar para o buraco de onde veio”, contou uma mulher que não quis ser identificada.
Na sexta-feira (25), ela chegou a filmar uma família, com crianças e um bebê, sentados nos degraus de um ônibus.
“Ninguém se levantava para dar lugar, simplesmente ignorados. Muito triste”, disse a mulher.
Segundo ela, os indígenas pegam o ônibus da linha 30, com destino ao centro da cidade e sempre pagam a passagem. Lá, eles pedem, através de cartazes, auxílio para comprar comida.
A Prefeitura de Belo Horizonte disse que no abrigo onde eles estão, não houve nenhuma hostilidade registrada até o momento.
A BHTRANS e a Guarda Municipal vão averiguar a denúncia, “mas casos de agressão devem ser denunciados à polícia”.
Após denúncias, cerca de 80 indígenas venezuelanos são transferidos para unidade de saúde em BH — Foto: Setra-BH
Em outubro de 2021, os indígenas estavam no Abrigo São Paulo, no bairro Primeiro de Mario, Região Nordeste da capital. Na ocasião, parte do grupo testou positivo para a Covid-19. A Defensoria Pública chegou a denunciar que o local em que eles estavam era insalubre.
Segundo a Secretaria Municipal de Assistência Social, o imóvel atendia às necessidades de preservação dos hábitos e características culturais do grupo.
Depois que saíram da Venezuela, eles passaram por várias cidades no Brasil. Entre elas, Itabuna e Teixeira de Freitas, na Bahia; São Matheus, Guarapari, Serra e Vila Velha, no Espírito Santo. Ao chegar em Minas passaram por Juiz de Fora, Santa Luzia e Belo Horizonte.
Desde dezembro do ano passado, 14 famílias, entre elas 15 crianças, vivem no abrigo Vila Pinho.
Denúncias MP
No dia 14 de outubro, o Ministério Público disse em nota que pretendia “buscar um diálogo com outras instituições, com os poderes públicos municipal e estadual (…), objetivando a criação de um fluxo de atendimento para outras demandas da mesma natureza que venham aportar em nosso Estado.”
Na época, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que “o executivo tem mobilizado equipes para atendimento e acolhimento emergencial. Também estão sendo realizadas visitas a espaços para acolhimento adequado, mas ainda não há definição”.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) também acompanha o caso.