No dia 7 de setembro, às margens do Ipiranga, o grito de Independência declarou o rompimento, de vez, do Brasil com a Coroa Portuguesa e a data passou oficialmente a compor o calendário brasileiro como um marco cívico, o dia de ser patriota, de cantar o hino nacional e de assistir ou ir ao desfile militar.
Em contraponto aos atos comemorativos dos padrões vigentes de independência, que não atendem a maioria dos brasileiros, surge, no ano de 1995, o Primeiro Grito dos Excluídos, inspirado na Campanha da Fraternidade que trazia como tema “A fraternidade e os excluídos”. No ano seguinte, a 34ª Assembleia Geral da CNBB assume que “o Grito dos Excluídos será celebrado anualmente, em nível nacional, no dia 7 de setembro”.
Corajosamente vamos denunciar a ganância do projeto neoliberal
As manifestações do Grito dos Excluídos são uma construção coletiva de movimentos sociais, entidades e igrejas. Todos comprometidos com as causas dos que, à margem da sociedade, estão com fome, sem moradia, sem saúde, com poucas possibilidades de renda e são, cotidianamente, esquecidos e desrespeitados.
E por acreditarem na liberdade de expressão e na ação política, o Grito dos Excluídos é um clamor que leva mulheres e homens às ruas em defesa dos direitos humanos. É marca histórica do Grito, desde seu início, a defesa da democracia e da soberania dos povos!
E, no ano do bicentenário da independência, não podemos admitir que, ainda sejamos colonizados e doutrinados por homens insensatos, covardes, que dão o tom da nossa política, da nossa fé. No modelo de Brasil governado pelas elites, estão milhares de brasileiros excluídos, esquecidos sem políticas públicas e vivendo na extrema pobreza.
Para protestar contra essa realidade de exclusão, convidamos todos e todas a acompanhar a marcha do 28º Grito dos Excluídos e das Excluídas que ocorre em todo Brasil. Em Belo Horizonte a marchar percorrerá as ruas do bairro Lagoinha, terminando na ocupação de simbólico nome Pátria Livre.
Corajosamente vamos denunciar a ganância do projeto neoliberal que assola nosso país e reunir forças políticas para construir um projeto de “vida em primeiro lugar”, possibilitando às classes populares a oportunidade de viver uma pátria livre e democrática.
Augusto Matias é doutor em Teologia pela FAJE e mestre em Ciências Sociais pela PUC Minas
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Elis Almeida