O plantio de macaúba em Jaboticatubas representa um marco no uso da espécie. Sociedade civil, iniciativa privada e Governo se unem para promover o cultivo da macaúba em uma ação que, esperamos, se tornará referência para todo o estado de Minas Gerais. A Associação Amanu – Educação, Ecologia e Solidariedade e a Soleum convidam a todas e a todos para conhecer o projeto e participar do mutirão na primeira área junto às famílias agricultoras e parceiros. A ação tem o apoio da comunidade Slow Food Beagá pela Cultura Alimentar e da SEAPA – Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.
Plantaremos mudas de coco macaúba em cerca de 10 hectares pertencentes a 5 famílias agricultoras agroecológicas e extrativistas que fazem parte das Casas Comunitárias do Coco Macaúba, empreendimentos coletivos gestados pela Amanu para valorização, beneficiamento, organização coletiva, diversificação e comercialização de produtos desse fruto do Cerrado. As mudas serão plantadas em espaços produtivos diversos: consórcio com pastos para criação de ovinos e bovinos; quintais agroflorestais; enriquecimento de áreas de reflorestamento; e sistemas agroflorestais sintrópicos, a depender da experiência de cada família.
O plantio do coco macaúba em sistemas agroflorestais é essencial para fortalecer a cadeia produtiva da espécie e garantir a geração de renda para as famílias agricultoras com preservação ambiental. Essas cinco famílias se tornarão referência para todos os envolvidos no empreendimento e para toda a região, e mais plantios serão feitos futuramente.
Esse projeto se tornou possível com apoio da Soleum, uma empresa dedicada à produção de matérias-primas sustentáveis com carbono negativo, em larga escala, para a transformação das indústrias de energia, química e de alimentos, por meio da restauração florestal. A SEAPA, através da Ação Agroextrativismo, desenvolve ações de incentivo ao cultivo, extração, consumo, comercialização e transformação de frutos e produtos nativos do Cerrado mineiro, como a macaúba; e a Fortaleza Slow Food do Coco Macaúba de Jaboticatubas nasceu com o objetivo de fortalecer a produção artesanal do óleo e outros derivados do coco, estimulando a produção sustentável e o comércio justo e valorizando a cultura local, as práticas, equipamentos e conhecimentos dos produtores e comunidades do território.
As Casas Comunitárias do Coco Macaúba
Desde 2014, em encontros comunitários, intercâmbios com universidades, cooperativas e movimentos, a Amanu têm atuado para valorizar e incentivar o beneficiamento do coco macaúba, tendo os saberes dos povos tradicionais do Cerrado como centrais para embasar estratégias comunitárias de geração de renda e manutenção da vida no campo com sustentabilidade. Participam dessa iniciativa cerca de 100 famílias, que têm envolvimento tradicional com o coco. Elas também produzem para consumo e comercialização uma variedade imensa de produtos da horta, roça, de origem animal, beneficiados e do agroextrativismo de frutos e ervas do Cerrado. São famílias agricultoras familiares e quilombolas, sensíveis e atuantes no campo da educação popular, economia solidária e agroecologia.
Deliberou-se coletivamente pela construção das Casas Comunitária do Coco Macaúba e pela formação do grupo de quitandeiras no Quilombo do Mato do Tição. Desde então, temos buscado apoio e financiamento para criação da agroindústria, que será essencial para a continuidade da ação.
Os esforços do grupo para a preservação da macaúba e seus saberes associados foi reconhecido pelo Slow Food, com a criação da Fortaleza do Coco Macaúba de Jaboticatubas e a inserção do Óleo de Coco Macaúba na Arca do Gosto. As ações da Fortaleza incluem o registro e a valorização dos saberes tradicionais locais ligados à produção do óleo e demais produtos da macaúba; a promoção dos empreendimentos e da comercialização dos seus produtos e o incentivo à participação dos jovens nas atividades.
Todo esse trabalho trouxe reconhecimento e valorização ao óleo de coco macaúba junto aos agricultores e consumidores, fazendo com que o óleo de alta qualidade (que já chegou a ser trocado com sitiantes por menos da metade de óleo de soja), seja comercializado, hoje, a um preço justo pelas famílias associadas e demais participantes do projeto na Feira Raízes do Campo – a Feira agroecológica de Jabó e para os Grupos de Compras do Armazém Raízes do Campo em Jaboticatubas, Santa Luzia e Belo Horizonte. Temos nos esforçado para criar canais e redes de comercialização locais e regionais, que se firmam como espaços de resistência. A Feira Raízes do Campo, por exemplo, fará 10 anos em 2023. Já o Armazém permite a conexão com os mercados da capital, com chefs, escolas, restaurantes e outros empreendimentos.
Um pouco sobre a macaúba e o óleo na cultura local
Segundo o Slow Food: “A palmeira da macaúba, mesmo com o intenso desmatamento provocado nas últimas décadas para produção de carvão, criação de pastos e condomínios residenciais, ainda domina a paisagem da região. O processamento do fruto já foi uma das principais atividades na cidade, movimentando a economia local e o quotidiano de inúmeras famílias, que coletavam os frutos para levá-los a uma antiga fábrica de sabão, inaugurada em 1942.
No entanto, com a chegada dos óleos industriais a fábrica quebrou, mas as famílias mantiveram a tradição de manejo das palmeiras, coleta dos frutos e extração artesanal do coco para consumo familiar e comércio nas feiras regionais. O óleo é utilizado para temperar saladas, para fritar, refogar, para a produção de biscoitos, tortas, doces e com finalidade hidratante e medicinal. A produção do óleo de coco e outros derivados da macaúba representa a possibilidade de geração de renda para as comunidades envolvidas e a garantia de permanência e de proteção do território. O estímulo ao envolvimento dos jovens nas funções administrativas, de controle de produção, comercialização é um fator estratégico de grande importância, que se intensifica com a maior conscientização e abertura de possibilidades de ganho econômico.”
Artigo publicado na Revista Euroamericana de Antropologia sobre o uso da macaúba pelas comunidades participantes da Associação:
Publicação junto às parceiras REDE e Pacari sobre o sabão de dicuada feito com óleo de coco macaúba:
Reconhecimento do Slow Food dos esforços do grupo como Fortaleza do Coco Macaúba:
Reportagem sobre esforços das comunidades na preservação do cerrado, citando também o trabalho da Amanu:
Entregas semanais de alimentos da agricultura familiar agroecológica em Belo Horizonte, Santa Luzia e Jaboticatubas:
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