06/03/2024
Mineradora entrou como liminar na Justiça pedindo que sepultamento não acontecesse; PF investiga morte
Na noite desta terça-feira (5) a mineradora Vale conseguiu impedir na Justiça o sepultamento do cacique Merong Kamakã Mongoió, que morreu na véspera, nas terras onde vivia com sua etnia na cidade de Brumadinho. Mas o cacique foi enterrado na madrugada, antes da chegada da Polícia Militar, o que ocorreu na manhã de hoje, quarta-feira.
“Defiro […] que seja impedida a realização do sepultamento do Sr. Merong Kamakã, nas terras objeto desta ação, ante a notória controvérsia acerca da titularidade das terras objeto desta ação”, diz o texto da decisão da juíza Federal Geneviève Grossi Orsi.
Na decisão, a Justiça Federal autorizou que as polícias Federal e Militar atuassem para impedir o enterro do cacique, mas já era tarde.
Nascido em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, o cacique Merong Kamakã Mongoió liderava a comunidade Kamakã, uma das seis etnias dos povos Pataxó Hã Hã Hãe. Ele foi encontrado morto na segunda aos 36 anos.
A princípio, a Polícia Militar informou trata-se de um caso de suicídio, mas a Polícia Civil de Minas Gerais pediu ajuda à Polícia Federal para apurar o caso, que segue sob investigação.
A retomada de terras do povo Kamakã teve início em 2021. As famílias indígenas viviam na periferia de Belo Horizonte quando decidiram retomar uma área ambiental adquirida pela mineradora após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão. Antigamente funcionava uma fazenda na região. A Vale é dona de aproximadamente 12% de todo o território de Brumadinho.
A Vale lamentou o falecimento do cacique em nota e afirmou que busca uma “solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade”.