Apesar do histórico de extração mineral que marca a região há alguns séculos, algumas áreas ainda se encontram em condições ambientais de notável preservação, com pouca ou quase nenhuma atividade antrópica, conservando ainda belas paisagens naturais, além de vários marcos históricos herdados do período da exploração do ouro. (Lamounier, 2009).

Nela são encontradas campos rupestres ferríferos e quartzíticos, cavernas em minério de ferro, mata atlântica em alto grau de preservação, diversas cachoeiras, inúmeras nascentes, uma biodiversidade riquíssima e monumentos históricos que fazem parte da memória e cultura da região.

Além disso, a riqueza da Serra do Gandarela é também atribuída à sua importância hídrica (abrange as bacias do Rio das Velhas e do Rio Piracicaba) para os municípios a que pertence e também para a capital do estado. Alguns de seus rios principalmente os pertencentes à bacia do rio das Velhas contribuem para o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte – suas águas são captadas pela estação de tratamento de água de Bela Fama, em Nova Lima.

Na região da Serra também encontram importantes aqüíferos – que constituem  reservas hídricas naturais – os quais, num futuro, próximo poderão servir para o abastecimento da população metropolitana. Além do mais, a área é um importante corredor ecológico entre duas Unidades de Conservação da região, o Monumento Natural da Serra da Piedade e a Reserva Particular do Patrimônio Natural Santuário do Caraça.

Dessa forma, a Serra do Gandarela e sua vizinha a Serra do Caraça que têm sido alvo, há muito tempo, de intensas pressões de exploração antrópicas seja pela ocupação urbana irregular, seja, sobretudo, pelas mineradoras interessadas no minério de ferro da região, se apresentam como uma área com alta demanda de estudos científicos pelas diversas áreas do conhecimento, carentes de políticas que possibilitem o seu desenvolvimento sob bases sociais e ambientais realmente sustentáveis para as comunidades da região.

Diante do contexto colocado, o objetivo do evento é estimular o debate acadêmico na UFMG sobre as regiões das serras do Gandarela e Caraça, inseridas no Quadrilátero Ferrífero, chamando a atenção para as suas realidades, potencialidades e possibilidades de desenvolvimento sócioeconômico e cultural sob bases sustentáveis e abrir perspectivas à pesquisa cientifica nesta área tão próxima da metrópole e carente deste conhecimento.

Por fim é válido ressaltar que o evento em questão possui caráter eminentemente institucional e está sendo organizado pautado nos princípios do voluntariado. Professores, pesquisadores, alunos, membros do movimento social estão somando seus esforços no sentido de fomentar um espaço de discussão que possa contribuir para a proteção do patrimônio natural e cultural da região da Serra do Gandarela. Portanto, nesse sentido, a construção de parcerias e captação de apoio para a realização desse seminário são condições fundamentais para a viabilidade do mesmo.

Comissão Organizadora do Seminário  –  Instituto de Geociências da UFMG