Realizado pela Articulação Popular São Francisco Vivo, o evento tem a participação de cerca de 80 representantes dos cinco estados que fazem parte da bacia (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe). Os impactos ambientais e sociais gerados pelas atividades minerárias serão temas dos debates. Uma das principais preocupações do grupo está no risco que as fontes de água correm, já que a extração de minérios contamina tanto as águas subterrâneas como as superficiais. “Temos uma região com muitos mananciais e a maneira pouco criteriosa como a exploração dos minérios tem sido feita, bota as nossas águas em sério risco”, denuncia Maria Tereza Corujo, integrante do “Movimento pelas Serras e Águas de Minas” e uma das participantes do evento.
Estudo recente publicado pela UFMG corrobora a opinião de Maria. Foi constatado que o rio São Francisco, na cidade de Três Marias, está fortemente contaminado por metais pesados como zinco, cádmio e cromo. Os metais lançados pela antiga metalúrgica Companhia Mineira de Metais e atual Votorantim, contaminam as águas do Velho Chico desde a década de 70. A ingestão de metais pesados é um grande perigo para a saúde da população da localidade, já que pode causar câncer e afetar o sistema nervoso e reprodutivo se forem acumulados no organismo.
Além da troca de experiências, o evento tem o objetivo de propor alternativas e de planejar estratégias de enfrentamento ao atual modelo de mineração.
Expansão da Mineração
O crescimento do setor minerário brasileiro, que chegou a ter um crescimento econômico de mais de 14% em 2010, tem levado a extensão das áreas de exploração em todo o país. Em Minas Gerais, a mineração não está mais restrita ao quadrilátero ferrífero e já se estende com força para o norte do estado. A expansão tem acontecido em toda a bacia do São Francisco, em áreas que até então não tinham tradição nessa atividade, como no norte do estado da Bahia e em áreas do estado de Pernambuco. “Eles já estão chegando a regiões que tem certa escassez de água, trazendo prejuízos para biomas como o cerrado e a caatinga, que são ecossistemas perfeitos”, explica Maria Tereza Corujo.
A expansão não se dá apenas na extração de minérios, mas em conjunto com todas as obras estruturantes realizadas para viabilizar as atividades de mineração. Um exemplo é a Ferrovia de Integração Oeste Leste, que ameaça áreas de proteção ambiental nos estados da Bahia e Tocantins e trazem um sério risco às populações de mais de 50 áreas de quilombos, na região do médio São Francisco.