13/04/2012
Em comemoração ao Dia do Índio, o Centro Cultural Urucuia (CCU) recebe a manifestação “Abril Indígena Metropolitano”, um encontro com lideranças indígenas de BH e convidados especiais para um debate sobre a presença indígena na cidade. O evento, organizado pela sociedade civil indígena de Belo Horizonte, tem o apoio do projeto “Centro de Serviços para as populações indígenas na RMBH” do Gruppo Volontariato Civile (GVC) Brasil, da Associação de Povos Indígenas da RMBH e do Povo Aranã do Barreiro. As atividades são abertas ao público e acontecem nos dias 14 e 18 de abril no Centro Cultural Urucuia; no dia 27 de abril na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e no dia 28, na Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial da PBH. A entrada é gratuita.
A manifestação, uma busca pelo reconhecimento dos direitos dos indígenas metropolitanos, antecede o Debate Público sobre a questão indígena na Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, que acontece no dia 27 de abril. O encontro tem a intenção de reforçar a mobilização das famílias em torno do movimento pelo reconhecimento da identidade e direito à alteridade indígena também nas cidades.
Segundo Dalva Aguiar Nascimento, coordenadora do projeto “Centro de Serviços para as populações indígenas na RMBH” do GVC Brasil , a parceria com os Centro Culturais é importante como forma de sensibilizar a população para a questão indígena e mostrar à sociedade civil indígena a disponibilidade e abertura das estruturas municipais para a valorização de expressões culturais das minorias. “É um passo importante para a autoestima do indíviduo indígena e um passo à frente para o reconhecimento por parte da sociedade civil não indígena e por parte das instituições”, afirma.
A programação do “Abril Indígena Metropolitano”, no Centro Cultural Urucuia conta com a exibição do filme “Tribos Urbanas”, que relata a realidade dos povos indígenas de Manaus e de documentários de curta-metragem da Pajé Filmes sobre os índios de Minas Gerais. Também acontecem debates e uma oficina de pintura corporal realizada por indígenas residentes em Belo Horizonte.
Durante todo o dia 14, serão realizadas filmagens das atividades e recolhidos depoimentos sobre a questão dos índios que vivem nas cidades. O resultado desse trabalho será conhecido no dia 28 de abril, às 9h, com a exibição do vídeo durante a manhã de diálogo com os povos indígenas de BH, promovida pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial do Município de Belo Horizonte.
Índios Urbanos
Segundo Censo 2010 do IBGE, a população indígena no Brasil é formada por 817.963 pessoas, sendo que, mais de 315 mil vivem em cidades. Em Belo Horizonte, as comunidades presentes na região metropolitana estão dispersas principalmente no Barreiro, Santa Efigênia, Serra e Sumaré, além dos municípios de Contagem, Betim, Ibirité e Vespasiano. Um dos trabalhos do GVC Brasil será a elaboração de um estudo sobre a demografia indígena na RMBH, culminando no mapeamento completo da região, que será realizado em parceria com a UFMG e estudantes indígenas universitários.
Para Dalva Aguiar Nascimento, o debate sobre a presença do índio nas cidades diz respeito não somente a eles , mas à população em geral, por se tratar de uma questão relacionada a direitos humanos. “A salvaguarda dos direitos básicos das pessoas é interesse de toda a sociedade, hoje dos indígenas, amanhã, de outro grupo vulnerável”, ressalta. Segundo ela, a existência dos indígenas na cidade ainda é desconhecida para a maioria das pessoas, o que acaba gerando preconceito. “Marginalização, desinformação, invisibilidade. Infelizmente, muitas vezes, o indígena para as instituições é só quem vive na aldeia. Quem foi expulso da sua terra, quem quer estudar na universidade e vem morar na cidade, não é mais índio. Chega a sofrer discriminações que muitas vezes o levam a esconder a própria origem”, revela.
Programação:
Dia 14 de abril – Centro Cultural Urucuia
Lançamento da manifestação “Abril Indígena Metroplitano”
9h- Encontro com lideranças indígenas de BH e convidados especiais
Debate com comunidades indígenas de Belo Horizonte sobre a presença indígena na cidade – o que levou os grupos indígenas residentes na RMBH a se manifestarem pelo reconhecimento de seus direitos e pelo fim da invisibilidade nas cidades.
14h – Projeção do Filme Tribos Urbanas
15h – Oficina de pintura corporal realizada por indígenas residentes em Belo Horizonte.
Dia 18 de abril – Centro Cultural Urucuia
19h– Projeção de documentários de curta-metragem da Pajé Filmes sobre os índios de Minas Gerais, seguido de debate com lideranças indígenas de Belo Horizonte.
Dia 19 de abril – Mercado da Lagoinha
19h – Aula Experimental de Culinária Indígena no Mercado da Lagoinha – iniciativa para a divulgação e valorização da cultura indígena em espaços metropolitanos.
Dia 27 de Abril – Assembleia Legislativa de Minas Gerais
9h – Participação do “Abril Indígena Metropolitano” no Debate Público sobre a questão indígena no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Dia 28 de Abril – Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial – Prefeitura de Belo Horizonte
9h – Participação do “Abril Indígena Metropolitano” no diálogo com a população indígena promovido pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial (CPIR/BH) e exibição de documentário sobre o movimento indígena em BH.