“Quando olhamos para a última década, percebemos que a supressão a vegetação nativa está se concentrando na fronteira agrícola, principalmente no Matopiba (região formada por áreas dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Nesses dez anos, metade do desmatamento foi lá. E a supressão dessa vegetação é basicamente para abertura de pastagem e plantio de soja”, alertou o ecólogo.
Futuro em risco
Quase metade do Cerrado já foi desmatado e apenas 54,5% de seu território ainda é coberto por vegetação nativa, sendo que formações dos tipo savana (30,3%) e floresta (14,3%) são predominantes. A formação campestre representa 7,3% do bioma.
Diante de uma das maiores crises hidrelétricas da história, Dhemerson explica que o Cerrado tem papel fundamental no abastecimento de água no país, já que o bioma é responsável pela nascente de oito bacias hidrográficas. “Além de ser a moradia de povos tradicionais, é o maior produtor de água do país. Portanto, se não conciliarmos a conservação do Cerrado, todos os estados irão perder. São milhares de nascentes que alimentam os grandes rios e isso impacta demais nessa crise hídrica”, afirmou.
Desde o período pré-colonial, o Brasil já perdeu 46% da vegetação nativa e, com a aceleração do desmatamento no Cerrado, o especialista estima que a supressão passará dos 50% em até 30 anos. A partir disso, o ecólogo defende uma nova formulação políticas públicas para buscar a preservação do meio-ambiente.
Uma das medidas consideradas fundamentais pelo especialista é o veto do Marco Temporal. “Quando olhamos para o Cerrado e sua perda de vegetação, só 1,8% aconteceu em terras indígenas. Isso demonstra a importância desses territórios, que funcionam como escudos contra a expansão dessa exploração”, acrescentou.