10/07/2012
Segurança pública e direitos humanos debatem mortes anunciadas
Por Sergio U. Dani, de Heidelberg, Alemanha, em 8 de julho de 2012
As Comissões de Segurança Pública e de Direitos Humanos da ALMG
convidam para debater a violência contra comunidades quilombolas em
Minas Gerais, especialmente as ameaças de morte sofridas pelo vereador
Vanderlei Dias, de Pedro Leopoldo, e pela Sra. Evane Lopes Dias Silva,
líder da Comunidade Quilombola de São Domingos, de Paracatu.
Duas mortes anunciadas já seriam razão de alarme, mas infelizmente
essas são apenas uma fração do número real de mortes anunciadas.
Em Paracatu, a mineradora canadense Kinross Gold Corporation (KGC),
depois de ter matado a tiros alguns integrantes da Comunidade
Quilombola, conseguiu expulsar essa comunidade, invadiu e poluiu com
arsênio e cianeto o Território Quilombola que está protegido pela
Constituição Federal. A KGC conta com o apoio de certos juízes,
promotores públicos, empresários e políticos para operar um geocídio e
um genocídio em Paracatu.
A população está indefesa. Uma Ação Civil Pública contra a mineradora
e a Prefeitura de Paracatu proposta em 2009 pela Fundação Acangau de
Paracatu encontra-se suspensa por decisão judicial. Uma Ação Civil
Pública proposta pelo Ministério Público Federal contra a mineradora
foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal. Outra Ação proposta pelo
Ministério Público de Minas Gerais foi paralisada por meio de um
acordo feito com a mineradora.
Em 2011, o Conselho Nacional de Defesa da Pessoa Humana (CNDPH)
admitiu a causa de genocídio pelo envenenamento crônico da população
de Paracatu com o arsênio liberado 24horas por dia pela KGC. Estudo
publicado em 2012 com o apoio financeiro da própria mineradora revela
que milhares de toneladas de arsênio já estão biodisponíveis em
Paracatu, uma quantidade suficiente para tornar inabitável o
Território Quilombola para todo o sempre, e matar milhões de pessoas
pela dispersão do arsênio pelo vento, pela água e pela cadeia
alimentar. Ao contrário de Tchernobyl, onde a radiação do acidente
nuclear diminui com os anos, em Paracatu a biodisponibilidade e a
dispersão do arsênio se mantêm e se amplificam ao longo dos anos.
O processo de mineração predatória de ouro, a perda da diversidade
genética, sócio-ambiental e cultural pela destruição dos habitats e
territórios naturais iniciado em 1987 por Eike Batista, a serviço de
transnacionais inglesas e canadenses em Paracatu levará milhões de
anos para ser corrigido. Em 2009, o governo de Minas Gerais autorizou
a expansão do geocídio e do genocídio por mais 30 anos. Essa é a
loucura pela qual os nossos descendentes jamais nos perdoarão.
Data: 10/07/2012
Horário: 10:00h
Local: Auditório – Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais,
em Belo Horizonte.