Aliado do presidente, Flávio Roscoe convocou coletiva para ameaçar mover um processo contra os fiscais que embargaram a obra por causa do impacto que poderia causar no sítio arqueológico onde foi descoberto o crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas. Na semana passada, Bolsonaro anunciou que demitiu diretoria do Iphan para beneficiar o véio da Havan.

Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, e Jair Bolsonaro (Foto: Site oficial da Fiemg)

 

Um dos apoiadores mais contumazes de Jair Bolsonaro (PL) no meio empresaria, Flávio Roscoe, presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), iniciou uma perseguição a uma equipe do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade​ (ICMBio) que assinou a ordem de embargo da construção da fábrica da cervejaria Heineken em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Roscoe, que esteve junto com Bolsonaro em Dubai no mês de novembro, convocou uma entrevista coletiva nesta terça-feira (21) onde ameaçou os fiscais do ICMBio.

“Estamos estudando mover um processo contra esses profissionais. Pequenos grupos se apropriam dessa temática ambiental e criam uma retórica, aí fica difícil para uma empresa, porque, com a energia que elas vão gastar, preferem ir embora para onde não vai haver esses pequenos grupos. E o pior é que você vai ver quando é que uma nova empresa vai para Pedro Leopoldo. As 64 mil pessoas da cidade estão condenadas a trabalhar em Belo Horizonte, piorar o trânsito e a impactar o meio ambiente”, afirmou.

A equipe do ICMBio embarou a obra em setembro por causa do impacto que poderia causar no sítio arqueológico onde foi descoberto o crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas.

A Justiça de Minas concedeu liminar para que a empresa seguisse com o empreendimento, porém a própria cervejaria desistiu da construção neste mês e pretende instalar a fábrica em uma cidade do norte do Estado, região mais carente, com um investimento de R$ 1,8 bilhão.

Véio da Havan

Em evento realizado na Federação das Indústrias do Estado de São (Fiesp) na semana passada, Bolsonaro afirmou que interferiu no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ao narrar a ocasião em que mandou “ripar todo mundo” para beneficiar uma obra da rede de lojas Havan, de seu aliado Luciano Hang, o “véio da Havan”.

“Há pouco tempo tomei conhecimento que uma obra, de uma pessoa conhecida, o Luciano Hang, que tava fazendo mais uma obra… E apareceu um pedaço de azulejo durante as escavações. Aí, chegou o Iphan e interditou a obra. Bem, eu liguei pro ministro da pasta… “Que trem é esse?”. Eu não sou tão inteligente como meus ministros. “O que que é Iphan, ‘ph’?”. Explicaram pra mim, tomei conhecimento e ripei todo mundo do Iphan… Botei outro cara lá. O Iphan não dá mais dor de cabeça pra gente”, contou, para delírio da plateia composta pelo empresariado paulista.

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