Em finais de fevereiro, o presidente da Federação Quilombola do Estado de Minas Gerais, Jesus Rosário, juntamente com a assessora técnica, Agda Marina, estiveram na comunidade quilombola de Pontinha, localizada no município de Paraopeba, a fim de criar um espaço de escuta da comunidade. A visita contou com integrantes da associação comunitária, bem como da equipe da NACAB, que tem executado projeto de mitigação do crime da Vale na comunidade e demais regiões.
Durante nosso diálogo, a comunidade pontuou algumas questões relacionadas ao território, aos serviços prestados, à contaminação e acesso à água, bem como de sua insegurança em relação à reparação pelos danos causados pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, uma vez que a comunidade é abastecida pelo rio Paraopeba e afluentes.
Com o impacto ambiental sofrido, parte das atividades pesqueiras, de produção de hortaliças e de comercialização de minhocuçu foram impactadas, uma vez que atingiu toda uma cadeia socioeconômica em torno da bacia hidrográfica.
A principal demanda da comunidade diz respeito à titulação de seu território, uma vez que foi uma das primeiras a ter o processo de titulação iniciado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), mas que ainda se encontra na fase inicial do processo e sem nenhuma resposta. Vale ressaltar que a empresa de celulose Vallourec Mannesman está dentro do território quilombola, o que também se apresenta enquanto conflito.
As demandas levantadas estão sendo encaminhadas aos órgãos competentes e parceiros, ao qual vale destacar a deputada estadual Andréia de Jesus, da Comissão parlamentar de direitos humanos, que também esteve na região.
Na ocasião, distribuímos a cartilha “Gestão territorial e ambiental em comunidades quilombolas” e trouxemos alguns pontos importantes como associativismo, construção do mapa tradicional da comunidade, autodemarcação e direito à consulta prévia.
Esta semana estaremos acompanhando outras comunidades.