18/11/2023
Fonte:https://www.otempo.com.br/cidades/com-rio-doce-contaminado-indigenas-krenak-levam-filhos-para-nadar-em-parque-1.3277074Cerca de 70 indígenas participam de excursão até Aracruz para que filhos tenham contato com água, tradição interrompida após tragédia de Mariana
Indígenas Krenak foram afetados com a contaminação do Rio Doce — Foto: Divulgação
Indígenas Krenak, que foram afetados pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana, vão levar seus filhos para nadar em um parque aquático em Aracruz, no Espírito Santo. A excursão ocorre devido à impossibilidade de se banharem no Rio Doce, contaminado pela lama em novembro de 2015.
Cerca de 70 membros da Aldeia Atorãn, localizada entre Resplendor e Conselheiro Pena, em Minas Gerais, participarão do passeio no domingo (19) para celebrar o Dia do Rio com as crianças da comunidade.
Desde muito cedo, a cultura indígena é ensinada e praticada por meio do contato com a terra e com a água. Batizar, pescar e nadar são considerados atos sagrados que fazem parte do dia a dia do povo Krenak.
“Antes da contaminação do Rio, a nossa vida era outra. Hoje, a história das nossas crianças está bem diferente. Elas estão nascendo sem poder serem batizadas no rio, molhar a cabeça; sem aprender a pescar, a nadar, sem participar do ritual do Rio Uatú, com nossos cânticos e danças, como fazíamos antes da lama da Vale”, lamenta Itamar Krenak, professor e um dos líderes da comunidade.
Com o objetivo de proporcionar às crianças da aldeia a oportunidade de se familiarizarem com a água, surgiu a ideia de realizar uma excursão ao Parque Aquático do Sesc de Aracruz, localizado na Rodovia ES-010, Km 35, Santa Cruz – Aracruz/ES.
Vão participar do passeio 34 crianças. Algumas delas terão a experiência de nadar pela primeira vez. A excursão conta com o apoio do escritório de advocacia Pogust Goodhead, que representa os Krenak em uma ação judicial contra as mineradoras BHP e Vale no Reino Unido.
“As nossas crianças que nasceram depois de 2015 nunca entraram no rio. Por isso, nós consideramos muito importante a campanha Revida Mariana. Precisamos muito de justiça para limpar essa lama. Precisamos do nosso rio de volta”, reforça o professor indígena.