Comunidade do Bairro Martins

17/11/2009

 

Comunidade do Bairro Martins
 
 O bairro Martins se localiza na região central da cidade de Uberlândia, Triângulo Mineiro, Minas Gerais.
 
Segundo os moradores, os primeiros ocupantes do local se instalaram na região quando os limites da cidade de Uberlândia não chegavam até o local, ocupado apenas pelo cerrado. As pessoas não souberam precisar a época da primeira ocupação. Provavelmente esta ocupação se deu nas décadas finais do século XIX.
 
A cidade cresceu e a família Afonso – os descendentes dos primeiros moradores da região – ficou cercada pela malha urbana. Hoje vivem na região central da cidade, no bairro chamado Martins.
 
Os moradores, Valdo Ribeiro e Edílson Rodrigues, contam que vivem atualmente entre cento e noventa a duzentas e trinta pessoas descendentes da família Afonso no bairro Martins. Os moradores usam os serviços oferecidos pelo município nas áreas de saúde, educação, transporte, energia, entre outros.
 
A maior concentração entre os moradores tradicionais se dá na Rua Alfredo Júlio, onde fica a sede da Escola de Samba Garotos do Samba. A escola de samba é uma das mais tradicionais da cidade de Uberlândia e é o local de agregação dos moradores locais e dos descendentes da família Afonso. A primeira escola de samba do bairro se chamava Pavão Dourado. Ela foi fundada por Eugênio Silva. Depois de alguns anos, a escola mudou de nome para Garotos do Samba e teve como principal dirigente, Otávio Afonso, também conhecido como Bolo. O mestre Bolo, como era conhecido, faleceu no ano de 2003 aos sessenta e três anos.
 
Segundo o atual presente e filho de Otávio Afonso, Otávio Afonso Júnior, a escola foi fundada em 1951 e este ano completou cinqüenta e sete anos de existência. O símbolo da escola é uma loba. A escola tem saído no carnaval com mais ou menos quatrocentas pessoas, mas já teve anos que tinha mais de oitocentas pessoas na avenida.
 
Além da escola de samba Garotos do Samba, há um grupo de catopé chamado de catopé Nossa Senhora do Rosário e São Benedito e um terreiro de umbanda na comunidade. A moradora Terezinha Borges Afonso disse que a Guarda de Catopé existe há mais de setenta anos.
 
A comunidade realizou no dia dez de maio de 2009 uma reunião com almoço comunitário – rabada – e roda de samba para o registro da ata de auto-reconhecimento da comunidade de Martins como uma comunidade quilombola. A ata será enviada para a Fundação Cultural Palmares e para o Incra. Os moradores pleiteiam a reivindicação de seus direitos a regularização fundiária e a diferença étnica.
 
A comunidade possui um território tradicional no bairro de Martins onde todas as expressões culturais (musicais, religiosas e simbólicas) são realizadas e transmitidas para as gerações subseqüentes.
 
Há um grande preconceito da sociedade envolvente com a comunidade em decorrência da ascendência africana de seus moradores.  Os descendentes da família Afonso resistem e lutam por seus direitos e por uma sociedade mais justa.
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