20/09/2023
A PRF acompanha o ato, que fecha a rodovia a cada 10 minutos; trânsito está sendo desviado por ruas de São Joaquim de Bicas
Trânsito é fechado pelos manifestantes a cada 10 minutos — Foto: VIDEOPRESS PRODUTORA
Quem tenta chegar à Belo Horizonte pela BR-381, mais conhecida como Fernão Dias, enfrenta pelo menos 10 quilômetros de congestionamento na manhã desta quarta-feira (20 de setembro). É que na altura de São Joaquim de Bicas, na região metropolitana da capital mineira, povos originários fazem uma manifestação contra o Marco Temporal, que terá o julgamento retomado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A reportagem de O TEMPO está no local e acompanha que o trânsito é completamente fechado no sentido BH a cada 10 minutos. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o protesto está organizado e conta com a participação de cerca de 100 pessoas.
Para dar um alívio ao grande congestionamento que se formou no local, a corporação está fazendo desvios por ruas que margeiam a rodovia e acabaram se tornando alternativas para os condutores, especialmente de carros menores.
Além de quase 10 policiais que acompanham a manifestação e organizam as paradas na Fernão Dias, outros agentes estão espalhados por ruas de São Joaquim de Bicas orientando o fluxo destes veículos que tentam fugir do trânsito.
Os cerca de 100 indígenas que protestam no local são de três diferentes etnias, Naô Xohã, Xucuru Kariri e Pataxó Hãhãhãe. Eles fecham a rodovia desde as primeiras horas da manhã desta quarta. O motivo do protesto é a retomada da votação do Marco Temporal, que estabelece a data da promulgação da Constituição, 5 de outubro de 1988, como referência para delimitação de novas terras indígenas. Ou seja, para criação de reservar indígenas, os povos originários deverão comprovar que viviam ali antes de 1988.
“Nossa história não começa em 1988. Estamos aqui há mais de 523 anos. Alguns dizem que somos invasores, mas não fomos nós que chegamos em caravelas e escravizamos um povo, nem roubamos seus tesouros. Só queremos dignidade humana para nossos filhos. Minha terra não entra no marco, mas estou aqui para dar força aos meus parentes”, justifica a cacica Angorró, que chefia o povo Katurama.
O protesto desta manhã é o segundo realizado pelos povos indígenas e acontece em todo o país. A votação parcial aponta 4 votos a favor e 2 contra.