02/04/2021
Observatório criou em junho de 2020 uma editoria específica sobre o tema, com esse nome exato; cada peça audiovisual tratará de algum dos aspectos do massacre, do papel de cada algoz ao retrato das vítimas e das possibilidades de resistência
O genocídio em curso no Brasil precisa ser definido como tal pela grande imprensa. Sob pena de ela se tornar cúmplice do massacre. Foi por causa disso que, em junho de 2020, este observatório decidiu chamar sua editoria sobre pandemia de De Olho no Genocídio — dentro da lógica de variação de nomes que caracteriza o projeto — em vez de algo como De Olho na Pandemia.
Era o início de junho. Pouco mais de nove meses depois, De Olho nos Ruralistas passa a publicar uma série de vídeos sobre essa matança, essa matança com características políticas. O vídeo inicial da série pode ser conferido aqui:
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Quando a editoria foi lançada no ano passado, escrevemos que seu objetivo era explicitar o aspecto político dessa matança:
— A comparação com outros países da América Latina mostra que o Brasil tomou uma decisão que prevê as mortes em larga escala. O país já é o segundo com mais casos de Covid-19 no mundo e caminha para ser, em breve, o segundo em número de mortes, atrás somente dos Estados Unidos. Jair Bolsonaro e Donald Trump já estão na história como protagonistas da maior crise do século 21. E ambos assinam os massacres.
Por isso o presidente ilustra o primeiro vídeo da nova série. Ao contrário, porém, do ano passado, quando registramos que a editoria estava baseada em fatos, em notícias, o projeto audiovisual do observatório explicita algumas posições editoriais, para além da própria percepção de que se trata de um genocídio.
Entre essas posições está a percepção de que um projeto genocida possui seus cúmplices. E eles não são apenas pessoas (políticos, ministros), mas também instituições, setores inteiros da economia. Por isso, alguns vídeos da série tratarão especificamente desses setores — entre eles, o agronegócio.
Em julho de 2020, o observatório colocou no ar a série Esplanada da Morte. Sobre o papel de vários ministros do governo Bolsonaro, entre outros integrantes do governo, como o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), ou mesmo de outros integrantes do poder público, da Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Nas próximas semanas, falaremos de militares e de empresários no massacre, falaremos do papel da imprensa, falaremos sobre a emergência de um lockdown efetivo. Falaremos sobre vítimas — como os indígenas mortos durante a pandemia — e sobre algumas possibilidades de resistência.
| Alceu Luís Castilho é diretor de redação do De Olho nos Ruralistas. |
Imagem principal: De Olho nos Ruralistas