‘A mãe de todas as lutas’, de Susanna Lira, estreia na próxima sexta-feira (13/08) no Canal Curta!

A ativista Shirley Krenak, uma das protagonistas do filme de Susanna Lira, com sua filha. Longa estreia na sexta na TV

(foto: Curta!/Divulgação)

 

“Todo dia a minha terra Krenak é estuprada”, afirma a ativista indígena Shirley Krenak. O estupro ao qual ela se refere é o trem que passa diariamente por um trecho da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) dentro da reserva indígena, localizada em Resplendor, Leste de Minas Gerais. A passagem do trem diz respeito não somente aos tempos atuais, mas também ao passado de morte e tentativa de aniquilamento da cultura, ela afirma.

É sobre terra, natureza, cultura, dominação e morte o documentário “A mãe de todas as lutas”, de Susanna Lira. Com lançamento na próxima sexta-feira (13/08) no Canal Curta!, o filme acompanha, paralelamente, duas histórias sobre a questão fundiária no Brasil sob a ótica feminina.
Shirley conduz boa parte da narrativa, que, em determinado momento, sai de Minas e vai até o Pará, para apresentar o ponto de vista de Maria Zelzuita, sobrevivente do Massacre de Eldorado dos Carajás.
O documentário é construído com muitas imagens de época. A câmera acompanha Shirley andando na área da reserva e mostrando os espaços que, durante a ditadura militar (1964-1985), serviram como presídio e quartel. Conta que seus pais e avós eram proibidos pelos militares de falar a própria língua, entoar seus cânticos e até usar a pintura corporal que ela adota nos dias de hoje. E que quem descumpria ordens era preso, torturado ou até morto.

“ENTREVEROS”

Após essa sequência, por exemplo, há uma imagem do então ministro do Interior José Costa Cavalcanti (1969-1974) afirmando que nunca houve genocídio dos Krenak, só “alguns entreveros” com “uma morte ou outra de índio”. Indo e vindo no tempo, o filme vai mostrando as lutas passadas e presentes daquele povo. Além de Shirley, sua mãe, filha e irmãos (entre eles o ativista Geovani Krenak) são entrevistados. O filme reconstitui, por meio de depoimentos, as consequências que o povo sofreu com o rompimento da barragem em Bento Rodrigues, em 2015.

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