Estudo contratado pela Vale confirma que barragem em Brumadinho se rompeu por liquefação

12/12/2019

Por Cíntia Paes, G1 Minas — Belo Horizonte

Fonte:https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2019/12/12/estudo-contratado-pela-vale-diz-que-barragem-em-brumadinho-se-rompeu-por-liquefacao.ghtml

                     Imagem do momento em que a barragem B1, da Vale, se rompeu em Brumadinho — Foto: Reprodução/TV Globo

Imagem do momento em que a barragem B1, da Vale, se rompeu em Brumadinho — Foto: Reprodução/TV Globo

Um estudo técnico contratado por um escritório de advocacia que atende a Vale confirmou que a causa do rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho foi “liquefação”, que é quando um material sólido passa a comportar como fluido. O laudo foi divulgado nesta quinta-feira (12).

A barragem B1, da Mina Córrego do Feijão, se rompeu em 25 de janeiro e vitimou 270 pessoas. Peritos já identificaram 257 mortos. Outras 13 pessoas ainda estão desaparecidas. Esta é a primeira vez que a causa do rompimento é confirmada. A Polícia Civil de Minas Gerais disse, em 28 de novembro, que havia concluído o laudo sobre o desastre, mas não divulgou detalhes.

O fenômeno é explicado no relatório como “perda de resistência significativa e repentina” e aponta que os rejeitos e outros materiais que estava na barragem apresentavam “comportamento frágil”. Isso significa que o fluxo de água presente nesse material exerceu uma força que anulou o peso e a aderência de suas partículas, fazendo com que elas ficassem soltas.

Entenda o que é liquefação

Seis dias após a tragédia, o subsecretário de Regularização Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de Minas, Hildebrando Neto, disse que tudo indicava que o rompimento da estrutura poderia ter sido causado por liquefação, que foi o mesmo fenômeno causador do colapso da barragem da Samarco em Mariana, em 2015.

O relatório ainda apontou vários “gatilhos” que podem ter contribuído para a desestabilização da barragem.

  • Carregamento rápido, como construção ou lançamento de rejeitos;
  • Carregamento cíclico rápido, como sismos ou detonações;
  • Carga por fadiga, como detonações repetidas;
  • Descarregamento, como:
    Aumento dos níveis de água no solo;
    Movimentos, como dentro da fundação ou devido à presença de camadas fracas;
  • Erosão interna e/ou piping;
  • Interação humana;
  • Perda localizada de resistência devido ao fluxo de nascentes subterrâneas;
  • Perda de sucção e resistência em zonas não-saturadas acima do nível da água;
  • Creep (deformações específicas que se desenvolvem com o tempo sob carga constante).
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