29/03/2012
Curso de difusão
Departamento de Antropologia — FFLCH/USP
Coordenador: Profa. Dra. Beatriz Perrone-Moisés (DA/USP)
Professores: Spensy Kmitta Pimentel (doutorando PPGAS/USP) +
pesquisadores do Cesta-USP
Doze aulas, de 09/04/2012 a 02/07/2012, 2as, das 19h30 às 22h30 (36 horas)
Proposta Geral
O curso procurará traçar um quadro das referências históricas,
antropológicas e jurídicas fundamentais para a compreensão dos povos
indígenas no Brasil, aliando-o ao debate sobre como se dá a discussão
contemporânea a respeito do passado, presente e futuro desses grupos.
Será buscado um diálogo com casos de recente destaque no debate
público brasileiro, com o objetivo de cotejar o senso comum sobre as
questões que envolvem as populações indígenas com as descrições e
análises desenvolvidas no campo da Antropologia, da etnologia
ameríndia e da História. Em paralelo, o curso apresentará, ao longo
das aulas, um panorama da diversidade indígena no país, contando com a
colaboração de pesquisadores do Cesta (Centro de Estudos Ameríndios).
Objetivo
Difundir conhecimentos sobre os povos indígenas por meio da
capacitação de professores da rede pública e particular –
particularmente os de história, literatura e educação artística –,
além de interessados em geral, possibilitando o aprendizado de
aspectos da história e da cultura indígenas, e sua relação com debates
brasileiros contemporâneos, relativos à política e a economia.
Justificativa
A lei 11.645/2008 estabeleceu a obrigatoriedade do estudo da história
e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino
fundamental e de ensino médio, públicos e privados, em todo o país. A
aplicação efetiva dessa lei ainda depende da capacitação dos
professores das redes públicas e particular, e é nesse sentido que um
curso como esse, em primeiro lugar, se justifica.
Além disso, o momento político e econômico por que passam o país e a
América Latina tem trazido os povos indígenas novamente ao foco do
debate público. O crescimento econômico, amparado, em grande parte, no
agronegócio, na mineração e na dependência de um consumo crescente de
energia elétrica, dificulta a demarcação de terras para grupos
marginalizados, no Centro-Sul/Nordeste do país (casos de Mato Grosso
do Sul e Bahia), ao mesmo tempo em que, na Amazônia, faz com que as
terras indígenas já consolidadas sejam alvo de ameaças ecológicas
(expansão desenfreada do agronegócio; contínua extração de madeira;
barramento indiscriminado dos rios).
Em paralelo, os povos indígenas estão em processo de expansão
demográfica e em contato cada vez mais intenso com a dita sociedade
nacional. Artistas indígenas, hoje, produzem literatura, cinema,
música; da mesma forma, acadêmicos indígenas começam a ocupar as
universidades, produzindo ciência, história, reflexão sobre si e sobre
o país. Na internet, sobretudo, intelectuais e ativistas indígenas
rompem a invisibilidade e dão-se a conhecer.
A imprensa brasileira e o mundo jurídico e político têm dedicado
espaço crescente às questões indígenas nos últimos anos, especialmente
em função dos episódios relacionados a grandes obras que afetam terras
indígenas na Amazônia, como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, e as
demarcações de terras indígenas em Mato Grosso do Sul, Roraima, Bahia,
entre outros. Há, ainda, em curso, uma série de redefinições na
legislação e nas políticas públicas voltadas às populações indígenas
que também têm merecido destaque, com discussões no Congresso sobre o
infanticídio entre indígenas, o novo Estatuto dos Povos Indígenas etc.
Urge, portanto, criar espaços como o desse curso, em que seja possível
estabelecer diálogo entre antropólogos e demais interessados nesses
temas, como professores, jornalistas, advogados e estudantes em geral.
Público-alvo
Professores (universitários e do ensino médio e básico), estudantes
universitários, jornalistas, advogados, pesquisadores e público em
geral, interessados no debate sobre as questões indígenas.
Programação
BLOCO A – Povos indígenas na História
09/4 Aula 1 – O mau encontro – século XVI: primeiros relatos/ o eterno
reencontro com o primitivo
16/4 Aula 2 – Malentendidos ao longo da história: resistência e
transformação/ a ação política ameríndia
23/4 Aula 3 – Desencontros e reencontros atuais: novos estudos em
História e Arqueologia
BLOCO B – Povos indígenas hoje
07/5 Aula 4 – Breve panorama da diversidade atual 1 (Guianas /
Amazônia Ocidental)
participação: Ana Yano e Joana Oliveira
14/5 Aula 5 – Breve panorama da diversidade atual 2 (Brasil Central/ Xingu)
participação: André Drago
21/5 Aula 6: Breve panorama da diversidade atual 3 (Rio Negro/ Bacia Platina)
participação: Renato M. Soares
28/5 Aula 7 – Identidade étnica / devir indígena
04/6 Aula 8 – O pluralismo como norma: diversidade cultural como valor
a partir da Constituição de 1988
participação: Marcele Garcia Guerra
BLOCO C – O futuro dos povos indígenas
11/6 Aula 9 – A importância do território/ ameaças atuais
18/6 Aula 10 – Mudanças na legislação: ameaça aos direitos conquistados
participação: Marcele Garcia Guerra
BLOCO D – Mas, afinal, o que querem os indígenas?
25/6 Aula 11 – Saberes do corpo/ estética – artistas indígenas
participação: Ana Yano
02/7 Aula 12 – O diálogo com a ciência – acadêmicos e pesquisadores indígenas
participação: Joana Oliveira
Bibliografia de referência
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Bibliografia de referência para as aulas sobre questão jurídica
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