Na última quarta-feira (02/09/2020) nosso território foi reconhecido como território kilombola, recebendo o título de legitimação fundiária pelo município de Belo Horizonte.
Apesar das estruturas ocidentais não nos alcançarem de modo completo e nem atenderem nossos anseios, ainda dependemos delas para que sejamos minimamente respeitados.
Essa titulação é o reconhecimento da luta de uma senhora que com muito esforço e muito trabalho adquiriu esta terra nos anos setenta e aqui criou sua família, fundou seu terreiro e seus projetos, que contribuíram muito para o bem-estar da comunidade do entorno; e que mais de trinta anos depois viu seu território ser tomado por um ato arbitrário deste mesmo município que agora lhe intitula.
Pai Benedito nos disse naquele momento que ninguém iria tomar “casa de nego véio” pois cada tijolo que havia lá tinha sido ele que tinha posto, pois assim foi, retornamos e agora estamos devidamente regularizados!
Mais do que reconhecer nosso território, este ato também é o Estado dizendo que reconhece nossas práticas, que se não se resumem apenas ao aspecto religioso, que legitima nossos saberes que vieram com nossos ancestrais em diáspora.
Agradecemos a todos amigos, aos calaboradores e aos filhos de santos que muito nos apoiaram nesta longa caminhada. Agradecemos em especial ao vice-prefeito @paulolamacoficial que muito contribuiu para esta conquista.
Esta vitória não é só nossa! É vitória de todas as mulheres pretas aqui representadas por nossa Mametu! É vitória de nossos ancestrais! De nossos Nquices! Vitória de Matamba! Vitória de Pai Benedito! Ngunzo
1: arquivo pessoal
2: @cadu_passos_