02/12/2020
Segundo governo, maior parte dos museus está na Região Central. Pesquisadora ressalta importância da conservação do acervo.
Museu Mineiro, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte — Foto: Israel Crispim Jr/Acervo Secult/Divulgação
Minas Gerais completa 300 anos nesta quarta-feira (2), com parte da história preservada em mais de 400 museus. Entre as peças que compõem a memória do estado está a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, do início do século XVIII, entalhada em madeira antes mesmo da criação da capitania mineira, registrada em 1720.
Nossa Senhora da Boa Morte, autoria desconhecida, início do século XVIII — Foto: Secult/Divulgação
A obra, uma das mais antigas de Minas, pode ser observada de perto na coleção Geraldo Parreiras, no Museu Mineiro, que fica no bairro Funcionários, em Belo Horizonte. De acordo com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), a maior parte dos museus está concentrada Região Central, onde está a capital mineira. Só nessa área, existem 139 registrados no Sistema Estadual de Museus.
“Os museus têm muito a revelar sobre os acontecimentos políticos, sociais e econômicos que ocorreram em diversos períodos da história. Esses acervos retratam os momentos pelos quais passamos”, disse a museóloga e professora do Departamento de Teoria e Gestão da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Ana Paula Soares Pacheco.
De acordo com a Secult, ainda não há estudos que comprovem qual o prédio de museu mais antigo de Minas Gerais. O de maior acervo, no entanto, está em Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira. Segundo a pasta, há 45 mil itens cadastrados no Museu Mariano Procópio.
Museu Mariano Procópio em Juiz de Fora — Foto: Fellype Alberto/G1
A superintendente de Bibliotecas, Museus, Arquivo Público e Equipamentos Culturais da Secult, Milena Pedrosa, reforça que os museus “guardam a nossa história, além da arte e cultura, através do acervo”.
Dos 437 museus distribuídos em todo o estado, só sete são administrados pelo governo estadual: Museu do Crédito Real (Juiz de Fora), Museu Casa Guignard (Ouro Preto), Museu Casa Guimarães Rosa (Cordisburgo), Museu Casa Alphonsus de Guimaraens (Mariana); além de Centro de Arte Popular, Museu dos Militares Mineiros e Museu Mineiro, em Belo Horizonte. Os espaços sob gestão da Secult foram reabertos à visitação no dia 3 de novembro.
O Sistema, segundo Milena Pedrosa, é responsável por organizar a rede, além de oferecer dados de assessoria técnica e capacitação. A lista com os endereços de todos os museus pode ser consultada no site.
Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte — Foto: Raquel Freitas/G1
Em Belo Horizonte, um decreto que liberou o retorno dos museus e das galerias de arte foi publicado em outubro.
O Museu Abílio Barreto, no bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul, é a única construção que permanece de pé desde a época em que Belo Horizonte era o arraial Curral Del Rey. A informação é da prefeitura da cidade. A casa foi construída em 1823 por Cândido Lúcio da Silveira, dono da Fazenda do Leitão.
O Circuito Cultural Liberdade, que até pouco tempo era gerenciado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), passou a ser vinculado à Secult. Parte dele já foi reaberta à visitação.
Para Ana Paula Soares Pacheco, é importante que haja um maior cuidado tanto na conservação do acervo, quanto dos prédios que abrigam esse material.
“Tem que preservar todos os locais de abrigo e de guarda. As instituições precisam ter um planejamento de gestão de riscos, de segurança, de preservação e de conservação dos pra mais ainda ter um trabalho integrado com a corporação do Corpo de Bombeiros”, disse.
Incêndio em Museu de História natural da UFMG — Foto: Divulgação/Cobom
Em junho deste ano, o Museu de História Natural da UFMG pegou fogo em BH. O prédio abrigava a maior coleção de esqueletos antigos das Américas. Um deles, com cerca de mil anos, foi resgatado das cinzas aos pedaços. Na época, os bombeiros disseram que a unidade não tinha auto de vistoria da corporação.
“Foi o segundo incêndio de representatividade em dois anos no Brasil. O primeiro, o Museu Nacional, pertencente à UFRJ, e o nosso pertencente à UFMG. A sociedade perde em patrimônio de extremo valor histórico político e cultural que outras gerações não terão oportunidade de conhecer”, afirmou a museóloga.
O governo de Minas Gerais informou que, em 2020, investiu mais de R$ 3 milhões para a preservação dos sete museus administrados diretamente pela Secult, com adequação arquitetônica e projetos complementares para proteção e prevenção de combate a incêndio e pânico. Para museus administrados por prefeituras e membros da sociedade civil, foram abertos editais para a disponibilização de verba.
Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte — Foto: Mariane Botelho/Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte