MOCÓ
LOCALIZAÇÃO
A comunidade quilombola de Mocó se localiza no município de Francisco Badaró, no médio Jequitinhonha. A comunidade foi batizada de Mocó, porque havia grande quantidade desse pequeno mamífero na região.
Mocó está localizada a 4 km do distrito de Tocoiós, onde a população afrodescendente é majoritária.
INFRA-ESTRUTURA
Moram atualmente na comunidade de Mocó cerca 45 famílias, divididas entre três grupos: os Miúdos, os Velhos e os José Dinás. Mocó tem uma farinheira comunitária, a capela de Santo Antônio, um poço artesiano, energia elétrica, desde 1995, e um açude. As crianças e os jovens estudam em Tocoiós, a quatro quilômetros de Mocó. O índice de analfabetismo é muito alto, principalmente entre as mulheres adultas.
HISTÓRIA
A comunidade se formou na segunda metade do século XIX, e segundo José Miúdo, seu bisavô chamado Gerônimo, que era índio, ganhou as terras de seu senhor quando este faleceu e, juntamente com outros ex-escravos, povoa o sítio. Grande parte da população atual se origina da localidade de Capivari, no município de Minas Novas; do Córrego da Mariana, lugar próximo à comunidade; de Cabeceiras, também no município de Minas Novas; das margens do rio Sucuriú e de outras localidades de Chapada do Norte.
Segundo José Miúdo, até 1954, todas as construções eram de pau-a-pique. Dormia-se em esteira de bananeira e as pessoas trabalhavam na roça no sistema de maromba ou mutirão. Na época de estiagem havia rezas e penitências para pedir chuva. Uma das penitências era carregar uma pedra na cabeça e depositar no pé de um cruzeiro para
pedir a chuva.
Apenas uma família possui o título da terra, emitido pela Ruralminas. A moradora e proprietária se chama Raquel Sales Pereira. Segundo os moradores, a terra da comunidade pertence à família do padre Barreiro desde o final do século XIX. Segundo alguns moradores, nunca houve conflitos explícitos de terras na comunidade, pois a terra da região não é boa para a agricultura.
Outro morador, Antônio Velho, também disse que sua bisavó era indígena e foi pega no laço. Esses relatos demonstram a grande miscigenação ocorrida na região do Jequitinhonha entre indígenas e afrodescendentes.
GEOGRAFIA E MEIO AMBIENTE
A geografia da região é marcada pela seca. A vegetação é predominante de cerrado, com manchas de caatinga e capoeiras em encostas de morros. Segundo o morador Antônio Velho, havia muita caça antigamente, mas hoje os animais desapareceram.
ECONOMIA LOCAL
Na comunidade planta-se mandioca, que é beneficiada na farinheira comunitária, e também pequenas roças de feijão. Muitos moradores de Mocó trabalham em Tocoiós e Francisco Badaró. Nos finais de semana existem feiras nas duas cidades, onde alguns moradores de Mocó vão vender seus produtos. Alguns habitantes vivem da aposentadoria.
A maioria dos homens migra sazonalmente para o interior de São Paulo e do Paraná para trabalharem no corte da cana-de-açúcar e na colheita de café (abril/maio até outubro/novembro). Durante esse período ficam poucos homens na comunidade. Muitas mulheres também migram para São Paulo e Belo Horizonte para o trabalho doméstico.
A comunidade de Mocó está sofrendo decréscimo populacional, pois, segundo Maria Aparecida Rocha, vice-presidente do Conselho de Moradores do Mocó, aproximadamente 15 anos atrás havia mais de 70 famílias morando na comunidade. É visível a falta de jovens na atualidade.
CULTURA
Os moradores mais antigos pertenciam à Irmandade dos Homens Pretos do Rosário de Sucuriú, fundada em 1847, em Francisco Badaró. Segundo José Miúdo, todo ano ele brincava o candongo na festa de Nossa Senhora do Rosário.
Fonte: CEDEFES