Vítima da COVID-19, o último filho de Artur Camilo Silvério levou uma vida de ajuda e bênçãos de enfermos

 

A Comunidade Quilombola dos Arturos, do bairro Alvorada, em Contagem, comunicou a morte do patriarca Mário Brás da Luz, 86 anos, o último filho de Artur Camilo Silvério, na madrugada desta sexta-feira (7/5), vítima de complicações da COVID-19. Ele deixa cinco filhos, 12 netos, 16 bisnetos e dois tataranetos.

Diante das restrições de velórios e aglomerações devido à pandemia, a comunidade programou uma homenagem ao patriarca, com horário previsto para as 14 horas (ainda a confirmar).

Segundo Jorge Antônio dos Santos, 53 anos, liderança quilombola, casado com uma sobrinha de “Seu” Mário, o carro funerário deverá passar pela comunidade e serão prestadas homenagens em despedida do ancião. Tudo com distanciamento e sem aglomeração de pessoas. Deve ser restrito aos familiares mais próximos. O enterro está previsto para as 16h, mas ainda não há confirmação do cemitério.

Jorge também está entre 40 membros da comunidade acometidos pela COVID-19, com quatro óbitos. Ele conseguiu superar a doença. O último falecimento, anterior ao capitão Mor da Guarda de Nossa Senhora do Rosário, ocorreu no sábado (01/5). O patriarca estava intubado no Hospital Santa Helena, em Contagem.

Nota divulgada pela comunidade se despede “desse grande pai, avô, tio e acima de tudo líder espiritual e capitão mor! Que Nossa Senhora do Rosário o receba com festa nos céus e nos dê forças para suportar esse momento de grande dor e luto! Os Arturos encontram-se com dor no coração, mas temos certeza que hoje é dia de festa maior. É dia de festa no céu!”

Jorge dos Santos disse que, mesmo durante a pandemia, Mário da Luz, continuava a atender pessoas enfermas, que o procuravam para serem benzidas. ” Para nós, perda irreparável e também para a humanidade, uma vez que ele ajudou várias pessoas a se livrar de enfermidades através das benzeções. Era uma pessoa prestativa.”
Santos conta no que período de pandemia, com distanciamento e  obedecendo os critérios sanitários, ele não deixou de atender as pessoas. “Tentamos de todas as formas suspender o atendimento, só que as pessoas acabavam indo para a comunidade e ele não deixava de atender. Até mesmo por telefone.”

Benzer ainda é comum em alguns bairros de Belo Horizonte e cidades de Minas. Bastante procurada, a prática produzia filas diárias de pessoas de várias gerações na comunidade quilombola dos Arturos, em Contagem, região metropolitana da capital mineira. A busca era pelos poderes curativos que vêm das mãos e do espírito solidário de Mário Bráz da Luz, 53 anos de dedicação a apaziguar almas e expulsar dores e sofrimentos da carne. A preservação dessa e de tantas outras tradições de danças, festividades e eventos religiosos vindos dos tempos da escravidão tornaram os Arturos patrimônio imaterial e cultural do estado de Minas Gerais.

História dos Arturos remonta a meados do século XIX

A comunidade negra dos Arturos descende de Camilo Silvério da Silva que, em meados do século XIX, chegou ao Brasil em um navio negreiro vindo de Angola. Do Rio de Janeiro, Camilo foi enviado a Minas Gerais para trabalhar em povoado situado na Mata do Macuco, antigo município de Santa Quitéria, hoje Esmeraldas, na Grande BH. Lá trabalhou nas minas e como tropeiro nas lavouras. Casou-se com uma escrava alforriada chama Felismina Rita Cândida. Dessa união nasceram seis filhos.
Entre os irmãos, Artur Camilo Silvério foi o que mais prosperou. Nasceu em 1885, época da Lei do Ventre Livre, e se casou com Carmelinda Maria da Silva. Os dois tiveram 10 filhos e vieram morar em Contagem, na localidade então conhecida como Domingos Pereira, onde adquiriram a propriedade na qual ainda hoje vivem seus descendentes.
Atualmente, já na quinta geração, fazem parte da comunidade cerca de 500 pessoas e 80 famílias. A comunidade preserva um retrato da identidade cultural e das tradições dos negros africanos trazidos para o Brasil no período escravagista, assim como da miscigenação com a cultura portuguesa, que deu origem a um sincretismo que se comemora isoladamente ou em companhia de comunidades que vivem ao redor.

Entre as celebrações dos Arturos, destacam-se, além da festa da capina celebrada às vésperas do Natal, o Batuque, a Folia de Reis, a Festa da Abolição e, principalmente, o Reinaldo de Nossa Senhora do Rosário, festa popularmente conhecida como Congado. Eles também formam o grupo artístico Arturos Filhos de Zambi (deus dos negros da nação banto) que trabalha percussão, dança afro e teatro em torno da história dos negros.

O que é um lockdown?

Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.

Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil

  • Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
  • CoronaVac/Butantan

Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.

  • Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
  • Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.

Minas Gerais tem 10 vacinas em pesquisa nas universidades

Como funciona o ‘passaporte de vacinação’?

Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.

 

 

Entenda as regras de proteção contra as novas cepas

 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo:

O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

 

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