13/12/2023
Órgão informou ter instaurado inquérito em meio à denúncia de ação truculenta da polícia na aldeia, localizada no Norte do Estado
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou, nesta terça-feira (12 de dezembro), ter instaurado um inquérito para investigar a abordagem da Polícia Militar no território indígena Xakriabá, em São João das Missões, no Norte de Minas Gerais. Na madrugada de domingo (10), um indígena de 25 anos morreu baleado por policiais.
Com o inquérito, o MPMG pediu que a PM envie, no prazo de cinco dias, “informações sobre os fatos narrados, especificando e qualificando os agentes que participaram da abordagem”. Também é pedido o envio de documentos, fotos e vídeos sobre a ação.
O caso é acompanhado pela 2ª Promotoria de Justiça de Manga, em conjunto com as áreas especializadas do MPMG em Controle Externo da Atividade Policial e em Inclusão e Mobilização Social.
Após a abordagem policial, o povo Xakriabá acusou a PM de agir com truculência e torturar indígenas. A confusão aconteceu durante um evento beneficente. Os militares usaram spray de pimenta e dispararam com arma de fogo contra os indígenas, que teriam depredado a viatura da corporação e arremessado cadeiras e garrafas.
Na versão dos militares, os agentes foram recebidos com hostilidade e precisaram reagir. Já o relato dos indígenas é de que a truculência partiu da PM e a reação deles só se deu por indignação com o tratamento, principalmente após a morte de Alisson.
Na nota divulgada pelo Povo Xakriabá, o relato é de que os policiais entraram na reserva indígena sem consultar as lideranças. “De acordo com as testemunhas, a PM invadiu casas e intimidou os moradores. Testemunhas que tiveram suas casas reviradas pelos PM afirmam que quatro menores não indígenas foram agredidos, e sete jovens Xakriabá foram torturados, detidos e levados para o 30º Batalhão da polícia militar de Januária-MG”, publicaram.
A reportagem questionou a Polícia Militar sobre a decisão do Ministério Público de instaurar um inquérito para investigar o caso e aguarda retorno. Em posição anterior, a corporação afirmou que os militares se defenderam.
“Os militares verbalizaram sem sucesso com os agressores, tendo utilizado spray de pimenta e, como os agressores continuaram a investir contra a guarnição policial, foi necessário usar arma de fogo e utilizar um veículo particular de terceiro para chegar a um local mais seguro”, afirma a corporação, em nota enviada à reportagem.