O Cacique Merong era o líder do Território Kamakã-Mongoió, localizado no Córrego de Areias-Casa Branca, município de Brumadinho-MG, onde era reconhecido como uma liderança em um processo de luta pelos direitos de seu povo. Nos últimos dois anos a comunidade Kamakã-Mongoió estava em luta pela retomada territorial e preservação ambiental na área à montante do território de ocorrência do desastre da Mina de Córrego do Feijão. Na mesma região encontra-se também em situação de retomada uma aldeia do povo Xukuru-Kariri. Importante frisar que os efeitos deletérios do desastre afetaram profundamente a aldeia Naô Xohã dos povos Pataxó e Pataxó-Hã-Hã-Hãe, localizada município vizinho de São Joaquim de Bicas.
Quem conhecia o cacique Merong de perto afirma que era um jovem com muitos planos e projetos, sempre solidário à luta dos povos indígenas, no estado de Minas e em tantos outros, e consciente dos desafios que se apresentam para indígenas na luta pela conservação ambiental.
Cacique Merong Kamakã-Mongoió testemunhou em sua própria história de vida as dificuldades de ser jovem indígena no Brasil e a complexidade da luta pela garantia mínima de direitos em relação a territórios, condições de moradia, saúde, educação e direitos ambientais, sobretudo no caso dos povos que enfrentam mais diretamente os efeitos da mineração em larga escala e seus custos socioambientais. Sua morte repentina e sem explicação não é um fato isolado na luta dos povos da região.
A ABA se junta à sua mãe, se soma à comunidade Kamakã-Mongoió e pede às autoridades empenho nas investigações e esclarecimentos sobre as circunstâncias que promoveram esta dolorosa perda.
Brasília, 06 de março de 2024.
Associação Brasileira de Antropologia – ABA e sua Comissão de Assuntos Indígenas (CAI)
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