Em janeiro de 2024 foram realizadas vistorias técnicas nas localidades Botafogo e Bocaina, município de Ouro Preto, MG solicitada por entidades que atuam na área de proteção do patrimônio cultural e ambiental de Ouro Preto, no caso, da Mina Du Veloso, da Associação de Proteção Ambiental de Ouro Preto/APAOP e representantes da comunidade de Botafogo. As visitas envolveram, portanto, moradores e moradoras de Ouro Preto que conhecem bem a localidade e sua potencialidade cultural e natural, e consequentemente, a necessidade de sua eficaz proteção. Certamente dois dias de campo não esgotaria o levantamento do patrimônio cultural contido na mesma, todavia, indica de forma amostral a sua alta potencialidade.
Este foi o intuito desta primeira Nota Técnica – alertar as autoridades ambientais e patrimoniais no âmbito municipal, estadual, federal e internacional sobre a necessidade de proteger este importante território ameaçado por diversos empreendimentos minerários que pretendem se instalar nessa região. A solicitação ocorreu devido à justa preocupação decorrente de interesse de instalação de empreendimentos minerários na sede de Ouro Preto, nos arredores da localidade de referência histórica e hídrica Botafogo (com grafia antiga Bota Fogo ou Bota Fôgo) e da Serra de Ouro Preto ou Serra do Botafogo, tendo em vista que se configura importante território ambiental remanescente considerado santuário ecológico da biodiversidade de Ouro Preto. Ouro Preto lamentavelmente possui outras tantas localidades em seus distritos, já sacrificadas por ações degradantes, devido desmatamento, assoreamento, focos de erosão, mineração e outras. O temor é que Botafogo perca os seus preciosos bens naturais e culturais. Na localidade do Botafogo há inúmeras nascentes que abastecem a região, considerado importante território aquífero e da natureza, inclusive, uma alternativa de bem viver da população ouro-pretana no caso de escassez hídrica e ambiental no município, que ameaça todo o planeta em função das mudanças climáticas1 causadas justamente pela falta de políticas de proteção dos bens e recursos da natureza, cada vez mais raros e a não utilização de projetos de baixo carbono e sustentáveis.
Por sua vez, o centro histórico de Ouro Preto situado na sede do município foi declarado Monumento Nacional em 1933 e tombado pelo IPHAN em 1938 por seu conjunto arquitetônico e urbanístico, tendo sido declarado pela UNESCO como patrimônio mundial em 1980, sendo o primeiro 1Segundo dados da Clima Info, a respeito das mudanças climáticas, a disponibilidade de á bem cultural brasileiro inscrito na Lista do Patrimônio Mundial. Localidade, portanto, com vocação natural para o turismo cultural e ambiental de base comunitária. Botafogo e as serras componentes da sede de Ouro Preto (antiga Serra da ‘Caxoeira’), também conhecida como Serra do Botafogo e a Serra do Amolar, a Serra do Veloso, a Serra Siqueira que emolduram a ambiência, a paisagem cultural e a proteção deste belíssimo conjunto do Patrimônio da Humanidade na sede do município.
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