06/11/2020
Embora os governos estejam focados no combate à Covid-19, eles ‘não devem perder’ a ameaça climática de vista, diz pesquisadora
Em 2009, os países ricos se comprometeram em 2009 a aumentar sua assistência aos países do Sul para US$ 100 bilhões por ano até 2020 para se adaptarem aos impactos do aquecimento global e reduzirem suas emissões de gases causadores do efeito estufa.
Essa promessa é objeto recorrente da indignação dos países pobres, primeiras vítimas dos impactos das mudanças climáticas. Eles denunciam a falta de solidariedade dos estados ricos, principais responsáveis por esse fenômeno que ameaça o futuro do planeta.
De acordo com o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), essa ajuda chegou a US$ 78,9 bilhões em 2018. Isso representa um aumento de 11% em relação a 2017, mas a taxa de aumento caiu em relação ao ano anterior (+22 %).
Mais de dois terços (70%) dos fundos foram alocados para ações de redução de emissões, e apenas 21%, para adaptação. O restante combinou os dois objetivos.
Em termos de distribuição geográfica, a Ásia foi o principal beneficiário (43%), seguida da África (25%) e das Américas (17%).
Esses números são questionados anualmente por ONGs que argumentam que alguns fundos não podem ser considerados como destinados ao combate às mudanças climáticas.
Nesse sentido, a Oxfam estimou em 59,5 bilhões de dólares em média para 2017 e 2018 os financiamentos públicos climáticos Note-Sul. Deste montante, apenas um terço (entre 19 e 22,5 bilhões) teria sido uma verdadeira ajuda ao combate às mudanças climáticas.
Em um relatório publicado em outubro, a ONG denunciou que, por exemplo, projetos de desenvolvimento são contabilizados desta forma, como é o caso da construção de um edifício pelo fato de conter painéis solares.
Também lamentou que haja muitos empréstimos em comparação com ajudas diretas e que pouco dinheiro seja gasto em adaptação nos países mais vulneráveis, como os Estados insulares.
“O financiamento climático é uma segurança vital para as comunidades que enfrentam ondas de calor recordes, tempestades terríveis e inundações devastadoras”, disse Tracy Carty, uma das autoras do relatório da Oxfam.
“Embora os governos estejam focados no combate à Covid-19, eles não devem perder de vista a crescente ameaça da crise climática”, ressaltou.
Mesmo que a promessa de 100 bilhões de dólares por ano seja honrada, seria insuficiente, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que em 2016 estimou as necessidades dos países pobres de se adaptarem ao aquecimento entre140 bilhões e 300 bilhões de dólares anuais até 2030.