14/01/2021
A Associação Médica Brasileira, AMB – em conjunto com todo o seu quadro de
Sociedades de Especialidades, em particular as Sociedades abaixo signatárias – vem a
público comunicar seu posicionamento relacionado aos aspectos preventivos,
diagnósticos e terapêuticos da doença COVID-19. Damos ênfase à importância da
vacinação da população contra o Sars-CoV-2 e, para tanto, apresentamos como
fundamentos as mais sólidas e atualizadas evidências cientificas da Medicina.
Legitimada por representar todo movimento médico associativo e em
cumprimento a sua missão, a AMB conclama os cidadãos do País a aderir à
programação oficial de vacinação a ser definida pelas autoridades sanitárias nas
próximas semanas, bem como manter as conhecidas medidas preventivas que
reduzem a transmissão do novo coronavírus.
O ano de 2021, felizmente, começa com perspectivas. Estão chegando as
vacinas para COVID-19 no Brasil. Elas têm potencial de ser um divisor de águas no
combate à pior crise sanitária mundial dos últimos cem anos.
Nos próximos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) avaliará
os resultados das pesquisas referentes à eficácia e à segurança das vacinas de
Oxford/AstraZeneca e CoronaVac contra o SARS-CoV-2, atendendo a solicitações de
uso emergencial da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantã,
respectivamente.
A agência reguladora nacional merece credibilidade da comunidade científica e a
confiança da sociedade brasileira, pois, desde a sua criação, em 26 de janeiro de 1999,
atua adequadamente na avaliação de novos medicamentos, vacinas, testes
laboratoriais e dispositivos médicos, apenas permitindo o uso no Brasil quando
demonstram qualidade, eficácia e segurança.
Enfrentando a triste realidade de mais de 200.000 brasileiros mortos pela
COVID-19 – somos o segundo país com maior número de óbitos no mundo – temos a
certeza de que a ANVISA saberá avaliar com qualidade e celeridade a solicitação de
autorização para uso emergencial e/ou o registro destas vacinas.
É urgente o início da vacinação no Brasil. Só assim evitaremos mais mortes
causadas pela COVID-19. Desde 8 de dezembro de 2020, quando a primeira dose da
vacina foi ministrada no mundo ocidental, já são 23 milhões de aplicações realizadas
com segurança em mais de 50 países. A maioria das pessoas vacinadas não
apresenta efeitos colaterais. Os que apresentam geralmente têm sintomas leves.
Nenhuma morte relacionada à vacinação para COVID-19 foi descrita até o momento,
enquanto a doença já causou mais de 1.900.000 óbitos globalmente.
Uma vez autorizadas ou aprovadas pela ANVISA, as vacinas poderão e têm de
ser oferecidas aos brasileiros COM SEGURANÇA e EFICÁCIA.
É imperioso que os gestores públicos nos três níveis (federal, estadual e
municipal) atuem com organização, interação e rapidez na aquisição, disponibilização,
armazenamento e aplicação das vacinas. Cada dia de vacinação terá impacto
progressivo para salvar centenas de vidas de brasileiros.
Aproximadamente de 2 a 4 semanas após a vacinação, o organismo humano
inicia a produção de anticorpos eficazes para evitar a COVID-19 ou reduzir o risco de
evolução para formas mais graves da doença. Por isso, há a necessidade urgente de
termos vacinas disponíveis, e assim, mudarmos o atual cenário desolador e recorrente
de mais de 1.000 mortes por dia pela COVID-19 no Brasil.
Vivemos um momento de demasiada desinformação, desserviço e fake news. É
relevante conscientizarmos a população brasileira da importância fundamental das
vacinas para controle das mais diversas doenças infecciosas, entre as quais a COVID19.
Orientamos e clamamos que não se repassem vídeos e mensagens que
desinformam sobre a real eficácia e segurança das vacinas.
Reconhecidamente, as vacinas representam um dos maiores feitos da
humanidade. Quem recebe uma vacina se protege e protege também as pessoas de
seu convívio social, incluindo familiares, amigos e colegas de trabalho.
Com as vacinas conseguimos erradicar doenças como a varíola, reduzimos
mortes como as causadas pelo sarampo e pela meningite, além de sequelas graves
como as da poliomielite. Do mesmo modo, conseguiremos controlar a maior pandemia
dos últimos 100 anos, a COVID-19.
O isolamento de novas cepas do SARS-CoV-2, principalmente a variante
B.1.1.7, traz alertas. Apesar de ser transmitida mais facilmente, esta nova cepa não
parece causar doença mais grave.
Porém, com o aumento da transmissão, temos mais casos e,
consequentemente, mais mortes. Os estudos iniciais sugerem que as vacinas
existentes também são eficazes para evitar a COVID-19 causada por cepas mutantes.
No contexto de prevenção de doenças infecciosas, nenhuma medida isolada tem
eficácia máxima. Portanto, se deve aliar à vacina as “6 regras de ouro”, medidas já
comprovadamente efetivas na prevenção da COVID-19. São elas:
1) Uso de máscaras;
2) Distanciamento físico de pelo menos 1,5 metro;
3) Higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70%;
4) Evitar aglomerações;
5) Permanecer em isolamento respiratório domiciliar, desde o 1º dia de
sintomas suspeitos de COVID-19. Procurar atenção médica para o diagnóstico correto e seguir a orientação recebida e apropriada para cada caso em sua individualidade. Não se automedicar;
6) Manter os ambientes arejados e ventilados.
Com o controle da pandemia, teremos a perspectiva de enfrentar com melhores
resultados as graves consequências sociais que esta devastadora pandemia causa ao
Brasil e ao mundo, inclusive retomando a vida produtiva, o crescimento econômico,
gerando empregos e construindo um futuro de progresso coletivo.
São Paulo, 13 de janeiro de 2021.
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