Mariana – O município de Mariana perdeu, em poucas horas, cerca de 324 hectares de mata atlântica, devastados pela lama e os rejeitos de minério de ferro que se desprenderam com o rompimento da Barragem do Fundão, há dois anos. O reflorestamento acertado pelo poder público e pela Fundação Renova só terá início no ano que vem, prevendo atenção especial aos 100 primeiros quilômetros destruídos. Em paralelo, uma ação de educação ambiental pretende conscientizar a população para, por meio do plantio voluntário de árvores, trazer de volta os efeitos benéficos que as matas têm sobre o clima, a produção de água e como refúgio para a vida selvagem.
O alemão esteve nas ruínas de Bento Rodrigues, o distrito mais destruído pela lama, e viu de perto como o desastre derrubou milhares de árvores da floresta. “O que aconteceu ali foi horrível. Não é algo que iniciativas como a nossa possam resolver, mas certamente os impactos positivos de se plantar uma floresta na região vão colaborar com a preservação da fauna, com a qualidade da água e o clima”, disse. O propósito de se confiar aos jovens essa missão de plantio vem justamente de ser essa a geração que colhe os frutos das mudanças climáticas. “Somos nós, dessa geração, que vamos viver com todas as dificuldades e somos nós que temos de começar com essa mudança”, disse Felix.
Segundo o presidente da Renova, Roberto Waack, o apoio ao projeto ocorre na forma de educação ambiental. “É uma mudança de mentalidade. O exemplo do Felix, uma pessoa tão jovem, mas tão madura, já um símbolo da luta pelo meio ambiente, pode incentivar e se multiplicar”, disse. De acordo com ele, isso não tem relação direta com as obrigações que a Renova tem com a recuperação e reparações da tragédia. “Ao todo, serão recuperados 50 mil hectares em três ações diferentes. Serão 5 mil áreas de nascentes, mata ciliar ao longo dos 100 primeiros quilômetros mais atingidos, entre a área da Samarco e a Barragem de Candonga. E, por fim, falta a definição das áreas de reflorestamento que chegarão a 40 mil hectares em pontos a serem definidos pelo Comitê Interfederativo formado depois do acidente. *O repórter viajou a convite da Fundação Renova
Ação desde a infância
Plantar árvores e discutir sobre um futuro em que as condições climáticas sejam cada vez menos destrutivas não é coisa apenas de adulto. O alemão Felix Finkbeiner, hoje com 19 anos, desde criança se posicionou diante de um cenário nebuloso. Aos 9, para um trabalho escolar, pensou em salvar ursos-polares, quando percebeu que havia muita destruição por trás da ameaça à saúde dos animais e fundou a Plantando pelo Planeta. O projeto, que previa a plantação de um milhão de árvores em todos os países, e, com isso, diminuir os efeitos do aquecimento global, hoje tem a pretensão de plantar um trilhão de mudas – 150 para cada pessoa que vive na Terra e já reúne mais de 100 mil crianças.