LOCALIZAÇÃO
A comunidade quilombola do Açude Cipó situa-se na área rural de Jaboticatubas, região Metropolitana Belo Horizonte, próxima à rodovia MG-10, nas proximidades do Parque Estadual da Serra do Cipó. Dista a três quilômetros do distrito de Cardeal Mota e a dois
quilômetros do rio Cipó, ocupando uma área de aproximadamente 11.000 m2.
INFRA-ESTRUTURA
Na localidade residem 11 famílias, em torno de 60 pessoas, que sobrevivem de trabalhos urbanos e rurais e da renda proveniente das aposentadorias de alguns membros da comunidade.
No Açude não existem escolas nem posto de saúde. Há energia elétrica nas residências e a água utilizada pelos moradores provém de poço artesiano. São cultivadas hortas para consumo próprio.
HISTORIA
Segundo lideranças da comunidade, os escravos chegaram à região há cerca de 120 anos e lutam contra fazendeiros para permanecerem no local. Os primeiros moradores vieram da fazenda Cipó Velho.
A comunidade se apresenta como uma grande família, preservando as tradições, mantendo, assim, um elo com o passado. O candombe, cerimônia que nasceu em tempos de escravidão, é uma importante manifestação cultural.
A comunidade é bem conhecida e o assédio é grande. Foi documentada em programas de televisão e há uma música – “Casa Aberta”, composição de Flávio Henrique e Chico Amaral, gravada por Marina Machado e Milton Nascimento – que cita o nome de vários
moradoros do Açude.
Na história da comunidade há registro de conflitos de terras, mas atualmente todas as famílias possuem o título legal de posse.
A comunidade foi certificada pela Fundação Cultural Palmares em 2006.
CULTURA
O candombe é a principal expressão cultural do Açude. As caixas de percussão, denominadas tambu, foram confeccionadas por antigos moradores no final do século XIX e início do século XX. Atualmente não existem mais pessoas que saibam fazer o instrumento. Há intenção de construir um centro cultural para a preservação dessa tradição, comemorada no segundo sábado de setembro. Uma das atrações turísticas da região, o candombe é uma manifestação afro-brasileira num ritual de louvor a Nossa Senhora Aparecida e outras entidades religiosas.
O ritual surgiu nos últimos anos da escravidão, quando os escravos já haviam assimilado vários aspectos da cultura colonial e incorporado elementos da religião católica. Antigamente reprimido pelos senhores, hoje, o candombe é motivo de orgulho para as famílias, uma manifestação de fé e esperança.
As orações, tantas vezes repetidas, são formas de agradecer a Nossa Senhora do Rosário, mãe do candombe, por todas as bênçãos concedidas à comunidade. E os batuques dos tambus, por sua vez, transmitem a fé e a alegria do povo.
No ritual sagrado não faltam canções com versos em português e muita cachaça, para descontração de quem vai prestigiar a festa.
Fontes: CEDEFES e Guia Serra do Cipó