Santiago

23/03/2010

 

SANTIAGO
 
LOCALIZAÇÃO
A comunidade quilombola de Santiago localiza-se na Fazenda do Alagadiço, município de Minas Novas, no Médio Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Ela faz parte de uma rede familiar na região de Trovoada, e suas famílias têm parentesco com os habitantes das comunidades de São Pedro, Cabeceiras e Quilombo. A comunidade dista cerca de 75 km da sede municipal.
 
HISTÓRIA
Segundo o morador José Eustáquio, o nome de Santiago é originário de uma mina de água, batizada de Santa Água pelos tropeiros que a encontraram. Santiago seria, assim, uma corruptela do nome da mina.
Entretanto, outros moradores acreditam que o nome é uma homenagem ao santo padroeiro, São Thiago. Os quilombolas são descendentes do Sr. Adrião, que era o dono das terras.
Segundo os moradores, a área tradicional de uso do quilombo era de aproximadamente 400 hectares. Porém, nos últimos 25 anos, essas terras foram griladas por posseiros e, em seguida, por empresas de plantio de eucalipto. Hoje, o espaço onde vivem os moradores de Santiago se resume a apenas sete quilômetros quadrados.
 
INFRA-ESTRUTURA
Moram atualmente na comunidade aproximadamente 30 famílias. Santiago possui uma escola que funciona até a 4a série do ensino fundamental, com 50 alunos e três professores. A continuidade dos estudos se dá em Capelinha ou Setubinha, cidades mais próximas.
Não há posto de saúde, apenas o atendimento do Programa Saúde da Família; o hospital dista cerca de 30 km de Santiago.
A comunidade recebe energia elétrica, mas não possui esgoto nem água encanada.
Em 2005, a comunidade entrou com o pedido no Incra para que suas terras sejam tituladas de acordo com o art. 68 do ADCT.
 
ECONOMIA LOCAL
A famílias vivem do cultivo de milho, arroz, café, mandioca e feijão e do extrativismo de palmito. Existe uma casa de farinha comunitária e uma centrífuga de mel. Algumas famílias produzem artesanato de cestaria como peneira e balaio, alianças de metal e rapadura.
O trabalho na lavoura e na produção de artesanato é difícil devido ao estado de degradação ambiental no entorno de Santiago, provocada pelo plantio do eucalipto, e pela falta de terras. O plantio de café e de eucalipto absorve os quilombolas em trabalhos temporários.
Dessa forma, algumas das saídas para a sobrevivência econômica são a migração sazonal: trabalho de corte de cana-de-açúcar e colheita de café em São Paulo e no Paraná, durante seis meses do ano, e a migração para grandes centros urbanos.
 
GEOGRAFIA E AMBIENTE
O eucalipto está causando enorme impacto ambiental, social e cultural em Santiago, pois diversos riachos secaram e outros estão poluídos pelo uso de agrotóxicos. Além disso, animais silvestres desapareceram da região, o solo empobreceu e a diversidade ambiental diminuiu assustadoramente. Anteriormente predominava na região o cerrado, hoje está cercada por um grande deserto verde.
 
CULTURA
Os moradores participam da Banda de Taquara de Santiago, em que tocam músicas típicas com viola, violão, caixas e flautas. A marujada é outra expressão tradicional da comunidade.
A festa da folia-de-reis ocorre em janeiro, e, mais tarde, as festas de Santo Antônio e de São Thiago, padroeiro da comunidade. Nessas, segundo um dos cantores, Silas Sebastião da Silva, há quadrilha, leilão e música local.
A maioria é católica. Há pouco tempo os moradores tomaram conhecimento da Igreja Evangélica, mas são poucas as pessoas que fazem parte da congregação.
 
Fonte: CEDEFES
 
 
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