Lavras Novas

23/03/2010

 

Lavras Novas
 
Localização:
 
Lavras Novas se localiza no município de Ouro Preto, região central de Minas Gerais, a 17 km de Ouro Preto. Desse total, 7 km são estrada de terra. Situa-se na porção Sul do município de Ouro Preto, no alto da Serra do Espinhaço.
 
História:
 
Lavras Novas do Coronel Furtado fora descoberta pela família Cubas de Mendonça, considerada uma mineração de ouro localizado, tendo direito a capela e cultos ecumênicos. Sendo de 1717 o documento mais antigo encontrado (batistério de Maria dos Prazeres, filha de tradicional família paulista da época) e evidências que provam que existiram minas auríferas antes das existentes em Mariana e Ouro Preto.
Lavras Novas tem suas raízes na época do apogeu do ouro, em 1716. Para a exploração aurífera, escravos se fixaram na região.
Segundo documentos, examinados pela jornalista Christina Tárcia, em 1717 houve no arraial uma grande festa para o batizado da menina Maria dos Prazeres, filha de Isabel Rodrigues e do sertanista Baltazar de Godoy, da mais ilustre cepa paulistana, tendo como padrinho o minerador Miguel Dias.
Mais tarde, em 1731, outro documento registra o casamento da mesma Maria dos Prazeres, demonstrando haver na região, naquele tempo, um núcleo de mineradores de origem portuguesa e paulistana.
Pesquisa recente tem demonstrado que a região provavelmente foi descoberta por Antônio e Feliciano, filhos de Savador Fernandes Furtado de Mendonça, descobridor do Ribeirão do Carmo. Nesse período já havia um número razoável de mineradores trabalhando no Ribeirão dos Prazeres.
No entanto, os moradores de Lavras Novas afirmam que a localidade teria sua origem na mineração de ouro de propriedade do filho do guarda-mor que residia na região e extraía ouro em Lavras Novas, no Salto e na Itatiaia. O número de escravos trabalhando na região era grande, porém eles não ficavam no local, dormiam na Fazenda do Manso (hoje, Parque do Itacolomi).
A região era muito visitada por autoridades, pois aquele era o caminho, utilizado para chegar a Ouro Branco. A igreja foi construída pelos mineradores, e os escravos apanhavam pedras na entrada do distrito para a obra. Afirmam, inclusive, que os grandes blocos de pedra solta, ao longo do caminho de entrada do local é obra de escravos, não da natureza.
De qualquer maneira, foi no século XVIII que o povoado desenvolveu-se, já que por volta de 1740 a Capela dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres já tinha sido construída e a Irmandade estava em pleno funcionamento. O povoado também devia comportar número razoável de pessoas devido ao tamanho, beleza e imponência da igreja.
A mineração sobreviveu até meados de 1780. Depois dessa data, os mineradores que se enriqueceram ou não, foram deixando pouco a pouco a região por ser um local de difícil acesso, sendo necessário atravessar montanhas íngremes para se chegar ao local, a comunicação com Vila Rica era muito difícil.
Mesmo assim, um pequeno conjunto de pessoas decidiu continuar residindo no local, se eram negros ou mulatos, provavelmente eram livres ou libertos. A idéia de que Lavras Novas seria remanescente de quilombo não faz muito sentido: a região de mineração era muito vigiada. O equívoco da idéia de quilombo vem da forma de organização social em que se encontrava a comunidade local no início do século XX.
Durante o século XIX, vivendo sozinha e isolada, a comunidade de Lavras Novas adquiriu um jeito todo particular de se organizar. Sendo composta por aproximadamente 500 habitantes na época, a maioria parente de consangüinidade. Já que os casamentos aconteciam entre as famílias do local, eles não tinham preocupação com a propriedade da terra, era de consenso que ela pertencia à santa. A subsistência também era praticada por todos. Da mesma maneira, todas as festas religiosas ou civis eram compartilhadas por todos os membros. As doenças eram curadas com as ervas locais devido a dificuldade em se conseguir médico e remédio de farmácia.
Para conseguir dinheiro, produziam cestas, balaios, enfeites, trabalhados em taquara. Normalmente, era serviço das mulheres recolhê-las nas matas da região, preferencialmente entre os meses de maio a agosto quando o bambu está livre de caruncho. Há quatro tipos de taquara que são utilizados com finalidades diferentes. Também se retirava lenha. Eram os homens que levavam todos os produtos para serem vendidos em Ouro Preto e, com o lucro, compravam pano, sal, açúcar e outros objetos que não eram produzidos na região. O caminho mais fácil era passando pela estrada da Fazenda do Manso, porque a estrada da Rancharia era mais longa e tortuosa.
Na falta de autoridade instituída, a comunidade sempre tinha um líder natural, alguém que se destacava por seus conhecimentos, sabedoria e capacidade de conciliação dos problemas.
A partir de 1995 com a instalação de bares e pousadas, o que, aos poucos, foi atraindo mais turistas. Hoje, o turismo tem sido uma das principais alternativas econômicas dos moradores que, até então, viviam apenas do artesanato de taquara e da cata de lenha.
 
Geografia:
 
Na área predomina afloramentos rochosos, com destaque para as localmente conhecidas "pedras equilibradas", que geram paisagens de grande beleza cênica.
A vegetação da localidade encontra-se inserida na zona de transição entre os domínios da Floresta Atlântica e do Cerrado, predominando a do tipo herbáceo-arbustiva. Algumas espécies vegetais são utilizadas pelos moradores na forma de remédios caseiros (arnica, carqueja) e para finalidades bem típicas, como fabricação de vassouras (vassourinha) e ornamentação (bromélias e orquídeas).
 
Cultura:
 
Os acontecimentos mais importantes da região eram as festas dos santos, especialmente a de Nossa Senhora dos Prazeres no dia 08 de setembro. Em janeiro se realizam a folia de reis e a marujada; na Semana Santa eram praticados cultos da quinta e sexta-feira da paixão. Atualmente se realizam todos os atos da Semana Santa, sendo os cultos realizados preferencialmente em latim.
O imaginário popular é repleto de lendas e histórias, a mais famosa se refere às aparições de Nossa Senhora dos Prazeres. Dizem que ela sempre apareceu para uns com um manto azul e uma veste branca; para outros toda de branco envolta em uma nuvem. Crianças e adultos já contemplaram a virgem, mas todos esperam que ela se manifeste e diga o que deseja da comunidade. Os mais velhos dizem que ela já aparecia para seus pais e avós. Após 1953, as aparições tornaram-se mais freqüentes, por isso construíram uma pequena ermida para a santa. A gruta se localiza nas paragens onde ela faz aparições.
Outra lenda muito contada é a do Portão de Ouro. Segundo a tradição oral, existia um portão que indicava um caminho em direção a Ouro Preto, atravessando a serra com menos de trinta minutos. O portão desapareceu com uma grande tempestade que inundou parte do distrito. Depois disso, quando querem passar pela Serra, as pessoas que se dirigem ao local avistam um portão de ouro, mas todos aqueles que tentaram transpô-lo nunca mais voltaram. Quem se arrisca a atravessar o portão sempre encontra um bando de morcegos que empurra as pessoas para trás, impedindo-as de entrarem. As que insistem acabam desaparecendo.
A lenda da mãe-de-ouro fala de uma bola de fogo, muito dourada que passeia pelas capoeiras onde existe ouro, mas não devem ser explorados.
 
Infra-estrutura:
 
 
 
Economia:
 
Atualmente, a maior parte da população trabalha para o turismo, outra parte da população trabalha fora, principalmente em Ouro Preto em atividades diversas, mas saem pela manhã e voltam à noite. O artesanato em taquara, já foi atividade de toda a comunidade, hoje é realizado por no máximo dez famílias.
 
Matéria editada do Jornal Estado de Minas e http://www.lavrasnovas.com.br
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